Origem do Toiro de Lide - Castas Fundacionais/ Fundadoras

A origem do toiro de lide está vinculada à origem dos bovinos ibéricos, que por sua vez está ligada ao Bos Primigenius, o Uro. A origem do bovino na Peninsula Ibérica está relacionada com processos de domesticação e com a d introdução de bovinos europeus e Norte de África.

A entrada na Península Ibérica de populações de bovinos de diferentes regiões e com características distintas, fez com que nos dias que correm a diversidade genética bovina ibérica seja muito variada. Também a diversidade de sistemas de produção relacionada com as diferentes condições climáticas e geografia das várias regiões ibéricas, podem ter influído de forma significativa sobre a diversidade genética dos bovinos ibéricos.

O interesse económico em criar animais para a lide, fez com que em Espanha se formassem as primeiras ganadarias especializadas na produção de bovinos para lide. Foram desenvolvidos modelos de selecção para ir ao encontro de uma maior agressividade e persistência combativa dos bovinos. Esta realidade desenvolveu-se em várias populações de bovinos espanhóis, dispersas pelo território de Espanha. A Estas populações de bovinos que originaram a raça Brava de Lide, designa-se a terminologia de “Castas Fundacionales del Toro de Lidia” (Castas Fundacionais do Toiro de Lide). O termo casta compreende linha, família, ou animal de linha agressiva que demonstra persistência combativa. O segundo termo (fundacional), porque são as populações de bovinos que fundaram a raça Brava de Lide que conhecemos hoje.

Para a classificação das diferentes castas podem ser utilizados critérios geográficos de acordo com a sua origem e com os ganadeiros que formaram os efectivos. Sendo assim consideram-se as Castas de Navarra, Castelhanas e Andaluzas. O primeiro grupo compreende unicamente a Casta Navarra, o segundo a Morucha Castelhana, Jijona e Toros de la Tierra. Actualmente a maioria das ganadarias deriva do terceiro grupo que é formado pela Casta Cabrera, Gallardo, Vasquenha e Vistahermosa. Esta ultima é a que predomina na maioria das ganadarias actuais, no entanto, o fundador da Casta Vasquenha Vicente José Vázquez foi um dos ganadeiros que mais contribuiu para o desenvolvimento inicial da selecção do toiro de lide, através do modelo de tenta para avaliar a acometividade dos animais.

A especialização das ganadarias bravas e a aplicação dos métodos de selecção típicos do sistema de produção destas explorações, ocorreu em Portugal no século XIX. Isto é, um a dois séculos mais tarde do que em Espanha. Pode-se dizer que é a partir do século XIX e fruto do cruzamento entre os bovinos agressivos utilizados nos festejos taurinos portugueses com animais de Casta Vasquenha introduzidas em Portugal pelo Rei D. Miguel I, que se formou a Casta Portuguesa.

Na imagem uma vaca Jabonera de ferro Fernando Palha, adquirida recentemente pelo Sr. Dédalo Silva da ilha Terceira. Possivelmente um dos últimos redutos de Casta Vasquenha em Portugal.

Artigo baseado em:

§         Domecq, J. P. (2009). Del Toreo a la Bravura. Alianza. Madrid. 23-140pp.

§         López, A. (1998) La cría del ganado de lidia y la gran explotacion agraria en Andalucia (s.XVIII – XIX). Universidade de Sevilha. Estudios Agrosociales y Pesqueros; nº 184, pp 137-138.

§         Martín-Burriel, I; Rodellar, C; Cañón, J; Cortés O; Dunner, S; Landi, V; A. Martínez- Martínez, A; Gama, L. T; Ginja, C; Penedo, C. T; Sanz, A; Zaragoza, P; Delgado, J. V. (2011). Genetic diversity, structure, and breed relationships in Iberian cattle.J. Anim. Sci. 89:893–906.

§         Neves, F. (1992) O Toiro de Lide em Portugal. Edições Inapa 16-87 pp.

§         Sagredo, J. C. (1998). El Toro de Lidia en la Biologia, en la Zootecnia y en la Cultura. Junta de Castilla y Léon – Consejeria de Agricultura y Ganaderia. 130-131 pp.

§         U.C.T.L. (2011). Union de Criadores de Toros de Lidia – Temporada 2011. P. 467-482