Texto: André Cunha
Fotografia: Pedro Correia
Ser português é ombrear com
o destino e com a saudade, tantas vezes sofrimento carregado pelo nosso triste
Fado. Sentimentos e emoções todos têm, todos falamos sobre elas, mas nem sempre
vivemos as situações por nós próprios. Quantas vezes somos iludidos pela teoria
do “penso que…”. Para aniquilar tal ideia devemos ser actores principais, viver
na íntegra a experiência. Só depois se fala com bases solidificadas através da
vivência.
Rumo ao ponto base deste conjunto de
parágrafos, a relação que existe entre a Festa Brava e o role de sentimentos
que em torno dela giram, nunca colocando de parte uma óptica pessoal, mas com
certeza comum a grande percentagem dos aficionados.
Toiros,
touradas e espectáculos tauromáquicos. Ir ou ficar pode ser dilema para muitos.
Este pensamento só é de alguém que nunca assistiu ao vivo e a cores a uma corrida
de toiros, ou de pessoa que não nutre assim tanto gosto pelo mundo dos toiros.
Um aficionado opta sempre pelo “ir”, tem vontade e prazer em ir.
Como podem opinar se gostam
ou não se nunca experimentaram ou tiveram oportunidade de assistir in loco, desfrutar do ambiente e
envolvência do espectáculo? Tomo-o como um julgamento falso!
Adrenalina, risco e surpresa
estão sempre lado a lado, são a força que nos move até aos eventos taurinos,
rituais carregados de simbolismo e que fomentam um misto de emoções fortes,
difícil de explicar a quem apenas acompanha no conforto do sofá. Não há alta
definição ou 3D que substitua o cenário real, não há uma transmissão pura e
leal da acção, quanto mais a total percepção das emoções que podem ser vividas.
Admirar em campo aberto a
imponência e majestosidade do toiro bravo, um puro guerreiro que leva nos seus
genes uma mensagem de bravura. O toureiro que atira lances de capote, crava
bandarilhas e desenha faenas de muleta como se não tivesse corpo, liberto e á
mercê dos pitons do oponente. Quiebros
milimétricos por parte dos recortadores, que fazem suster a respiração. A
classe dos cavalos, a determinação dos forcados. O efeito que gera o simples
estalar do foguete, quando alguém faz levantar a porta da gaiola. O olhar
soberbo e rasgado que espelha “fúria”, o abrir da porta dos curros, o toque do
cornetim que invade a mente e faz acelerar o coração. Pisar seus terrenos,
chama-lo de frente e de guarda-sol aberto, estar próximo do toiro. Carradas de
encontrões, escapar no último segundo e valentes sustos, inocentes orgasmos são
resultado do simples facto de estar perto da emoção. Porque tudo isto não se
explica com facilidade. Sente-se!
O recado está dado, mesmo
que para traz tenham ficado inúmeros apêndices. Querem saber o que se sente?
Querem saber qual o ambiente que se vive? Trouxa às costas e siga para os
Toiros.

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