terça-feira, 25 de setembro de 2012

Pequenos, Grandes Bravos

 
Texto e fotografia: Pedro Correia
 
As gentes da ilha Terceira são bem conhecidas pela intensidade com que vivem a festa brava. No entanto, essa intensidade não nasce ao acaso. A cultura portuguesa intrínseca nas pessoas da ilha, a geografia no centro do atlântico, enquanto ilha de pequenas dimensões, a vida da agricultura no seio de grande parte das famílias, ou seja, o quotidiano dos terceirenses, prepara-os para serem tremendos aficionados.
 
Dessa afición, resultam movimentos de grande impacto, como não deixam de ser as famosas touradas à corda, que dia após dia, entre Maio e Outubro arrastam milhares de terceirenses aos arraias da ilha para ver toiros. Ou mesmo as corridas de toiros, vividas pelos locais com grande respeito, ou simplesmente algumas faenas de campo nas ganadarias, como são as ferras durante o defeso das épocas taurinas.
 
Por outro lado, outros movimentos demonstram notória afición nesta ilha, tais como, as organizações de congressos taurinos de grande impacto internacional levados a cabo recentemente por entidades do governo açoriano, municípios, e entidades taurinas locais, como é a Tertúlia Tauromáquica Terceirense, ou a Associação Regional de Criadores de Toiros da Tourada à Corda. Uma revista anual de tauromaquia de muito bom nível, escrita maioritariamente por aficionados de outras ilhas com actividades taurinas, bem como, pessoas de países como os Estados Unidos da América demonstrando o poder da afición açoriana além-fronteiras.
 
Os programas taurinos que eram transmitidos pela RTP Açores, tais como Magazine Tauromáquico e Festa Brava, também tinham um papel fundamental, já que faziam entrar a tauromaquia local por casa dentro da população, durante as épocas taurinas, fazendo a sociedade terceirense rever-se nessas mesmas actividades socioculturais locais. Contudo, este ano nenhum programa taurino foi para o ar no canal de televisão açoriano e em bom-tom se diga que escassas palavras se têm sentido relativamente à ausência deste tipo de programa.
 
Todos estes factores acima descritos, criam elos de ligação entre os terceirenses e os toiros a partir dos berços de bebé, e que logo após a passagem de quadrupedes a bípedes, começam a brincar aos toiros, entranhando-se nas figuras da festa, como toureiros, capinhas, pastores, ganadeiros e incluso o toiro.
 
Por isso, a tauromaquia é vivida com tremenda intensidade no centro do atlântico e muitas são as crianças na ilha Terceira que um dia ambicionam participar de forma mais activa na festa brava. Exemplo disso é o “Tareco”, rapaz ladeado pelo ganadeiro Sr. Eliseu Gomes na fotografia, que de chapéu de pastor na cabeça e em cima de uma gaiola, aguarda ansiosamente pelo dia em que irá segurar a corda de um toiro bravo.

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