Texto e fotografia:
Pedro Correia
As gentes da ilha
Terceira são bem conhecidas pela intensidade com que vivem a festa brava. No
entanto, essa intensidade não nasce ao acaso. A cultura portuguesa intrínseca nas
pessoas da ilha, a geografia no centro do atlântico, enquanto ilha de pequenas
dimensões, a vida da agricultura no seio de grande parte das famílias, ou seja,
o quotidiano dos terceirenses, prepara-os para serem tremendos aficionados.
Dessa afición, resultam
movimentos de grande impacto, como não deixam de ser as famosas touradas à
corda, que dia após dia, entre Maio e Outubro arrastam milhares de terceirenses
aos arraias da ilha para ver toiros. Ou mesmo as corridas de toiros, vividas pelos
locais com grande respeito, ou simplesmente algumas faenas de campo nas
ganadarias, como são as ferras durante o defeso das épocas taurinas.
Por outro lado, outros
movimentos demonstram notória afición nesta ilha, tais como, as organizações de
congressos taurinos de grande impacto internacional levados a cabo recentemente
por entidades do governo açoriano, municípios, e entidades taurinas locais,
como é a Tertúlia Tauromáquica Terceirense, ou a Associação Regional de
Criadores de Toiros da Tourada à Corda. Uma revista anual de tauromaquia de
muito bom nível, escrita maioritariamente por aficionados de outras ilhas com
actividades taurinas, bem como, pessoas de países como os Estados Unidos da
América demonstrando o poder da afición açoriana além-fronteiras.
Os programas taurinos
que eram transmitidos pela RTP Açores, tais como Magazine Tauromáquico e Festa
Brava, também tinham um papel fundamental, já que faziam entrar a
tauromaquia local por casa dentro da população, durante as épocas taurinas,
fazendo a sociedade terceirense rever-se nessas mesmas actividades
socioculturais locais. Contudo, este ano nenhum programa taurino foi para o ar
no canal de televisão açoriano e em bom-tom se diga que escassas palavras se
têm sentido relativamente à ausência deste tipo de programa.
Todos estes factores
acima descritos, criam elos de ligação entre os terceirenses e os toiros a
partir dos berços de bebé, e que logo após a passagem de quadrupedes a bípedes,
começam a brincar aos toiros, entranhando-se nas figuras da festa, como
toureiros, capinhas, pastores, ganadeiros e incluso o toiro.
Por isso, a tauromaquia
é vivida com tremenda intensidade no centro do atlântico e muitas são as
crianças na ilha Terceira que um dia ambicionam participar de forma mais activa
na festa brava. Exemplo disso é o “Tareco”, rapaz ladeado pelo ganadeiro Sr.
Eliseu Gomes na fotografia, que de chapéu de pastor na cabeça e em cima de uma
gaiola, aguarda ansiosamente pelo dia em que irá segurar a corda de um toiro
bravo.

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