domingo, 16 de dezembro de 2012

No Lúdico e no Laboral...



 

 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 

Pastores e ganadeiros nos Açores, reconhecem a importância que a agricultura e em especial a vaca de leite, sobre o sustento das suas famílias. Interessante apontamento, o de Do Carmo (2002) na revista Festa na Ilha, ao abordar a vivência cultural e meta-laboral, extremamente profunda, que existe em redor da tauromaquia terceirense.

 

O autor citado anteriormente, refere-se ao facto do terceirense servir-se do bovino como meio laboral em torno da agro-pecuária, com grande destaque para a produção de leite, e lúdico na componente da tourada à corda. Recentemente Lima (2012), numa exposição sobre a figura do pastor do toiro bravo da ilha Terceira na revista taurina Novo Burladero, afirma que o toiro e a tourada à corda são uma extensão do quotidiano de muitos homens desta ilha, embora também admita uma diminuição de pastores de gado bravo com actividades profissionais relacionadas com a agricultura.

 

Do Carmo (2002) ainda aponta o factor da vivência no meio de uma economia agrícola, para uma grande afeição ao toiro, por parte dos terceirenses. Aspecto não comentado por Correia (2012) no blog Toiros & Açores, na abordagem de questões sociais relativas à forte admiração que os terceirenses nutrem pelo toiro bravo.

 

Embora Do Carmo (2002) esteja focado na realidade da ilha Terceira, as palavras deste autor podem ser extrapoladas a imensas regiões, demonstrando a importância que a festa brava tem nos modos de vida das sociedades onde o culto taurino está bem vincado. Passamos a citar a seguinte passagem:

 

“A Tourada à Corda é uma sequência logica do amanho da terra, é a transposição da faina agrícola para o lazer da diversão.

O elemento com que o homem fatiga o corpo para comer o pão, com o suor do seu rosto, é o mesmo com que retempera as forças para o trabalho do dia seguinte. O boi torna-se o seu totem do quotidiano. No estado de submissão é um óptimo companheiro para arrotear os campos, lavrar as terras, ajudar nas sementeiras, recolher as provisões, transportar utensílios e pessoas, e nas horas de repouso, é brinquedo de querida diversão, na Tourada à Corda. Mas é sempre o mesmo boi que o homem do campo ama profundamente, e mantém preciosamente, a seu lado, no trabalho, nos sonhos, nas preocupações e nas festas.”.

 

Citação de Martins do Carmo, em revista Festa na Ilha, nº 6 do ano de 2002, em Tourada à Corda … Para além do fenómeno.”

 

 

Baseado em:

 

·         Correia, P. (2012). TOIRO! Padroeiro dos Terceirenses? Disponível em: http://toiroseacores.blogspot.pt/2012/11/toiro-padroeiro-dos-terceirenses.html. Consulta efectuada em: 13 de Dezembro de 2012.

·         Do Carmo, M. (2002). Tourada à Corda … Para além do fenómeno. Revista Festa na Ilha, nº 6:46.

·         Lima, J. P. (2012). A Tourada à Corda VI - Os Pastores. Revista Novo Burladero, nº282:40-41.

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