Texto e fotografia: Pedro Correia
Pastores e ganadeiros
nos Açores, reconhecem a importância que a agricultura e em especial a vaca de
leite, sobre o sustento das suas famílias. Interessante apontamento, o de Do
Carmo (2002) na revista Festa na Ilha, ao abordar a vivência cultural e
meta-laboral, extremamente profunda, que existe em redor da tauromaquia
terceirense.
O autor citado anteriormente, refere-se ao facto do
terceirense servir-se do bovino como meio laboral em torno da agro-pecuária,
com grande destaque para a produção de leite, e lúdico na componente da tourada
à corda. Recentemente Lima (2012), numa exposição sobre a figura do pastor do
toiro bravo da ilha Terceira na revista taurina Novo Burladero, afirma que o
toiro e a tourada à corda são uma extensão do quotidiano de muitos homens desta
ilha, embora também admita uma diminuição de pastores de gado bravo com actividades
profissionais relacionadas com a agricultura.
Do Carmo (2002) ainda aponta o factor da vivência
no meio de uma economia agrícola, para uma grande afeição ao toiro, por parte
dos terceirenses. Aspecto não comentado por Correia (2012) no blog Toiros &
Açores, na abordagem de questões sociais relativas à forte admiração que os
terceirenses nutrem pelo toiro bravo.
Embora Do Carmo (2002)
esteja focado na realidade da ilha Terceira, as palavras deste autor podem ser
extrapoladas a imensas regiões, demonstrando a importância que a festa brava
tem nos modos de vida das sociedades onde o culto taurino está bem vincado. Passamos
a citar a seguinte passagem:
“A Tourada à Corda é uma sequência logica do amanho
da terra, é a transposição da faina agrícola para o lazer da diversão.
O elemento com que o homem fatiga o corpo para
comer o pão, com o suor do seu rosto, é o mesmo com que retempera as forças
para o trabalho do dia seguinte. O boi torna-se o seu totem do quotidiano. No
estado de submissão é um óptimo companheiro para arrotear os campos, lavrar as
terras, ajudar nas sementeiras, recolher as provisões, transportar utensílios e
pessoas, e nas horas de repouso, é brinquedo de querida diversão, na Tourada à
Corda. Mas é sempre o mesmo boi que o homem do campo ama profundamente, e
mantém preciosamente, a seu lado, no trabalho, nos sonhos, nas preocupações e
nas festas.”.
Citação de Martins do Carmo,
em revista Festa na Ilha, nº 6 do ano de 2002, em “Tourada à Corda … Para
além do fenómeno.”
Baseado em:
·
Correia,
P. (2012).
TOIRO! Padroeiro dos Terceirenses? Disponível em: http://toiroseacores.blogspot.pt/2012/11/toiro-padroeiro-dos-terceirenses.html.
Consulta efectuada em: 13 de Dezembro de 2012.
·
Do
Carmo, M. (2002). Tourada à Corda … Para além do fenómeno. Revista Festa na Ilha, nº
6:46.
·
Lima,
J. P. (2012). A Tourada à Corda VI - Os Pastores. Revista Novo Burladero, nº282:40-41.
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