terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O Maioral - Pilar da Criação do Toiro Bravo




 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 

De acordo com Almeida (2002) Maioral é um termo que pode ser empregado a quem lidera essencialmente trabalhos na agricultura. Sendo assim, a figura do Maioral, segundo Almeida (2002) e Consejería de Agricultura, Desarrollo Rural, Medio Ambiente y Energía (C.A.D.R.M.A.E.) et al. (2012) está associada a diversos tipos de produção agro-pecuária (bovinos de carne e leite, equinos, ovinos, suínos, etc.), contudo, este termo é em grande medida aplicado às ganadarias de reses de lide.

 

Em termos gerais, o Maioral é um gestor do trabalho de campo de explorações agro-pecuárias, no entanto, este termo é utilizado frequentemente nas ganadarias bravas. Na consulta dos dados das ganadarias bravas em ARCTTC (2006), Lucas (2006) e UCTL (2011), verifica-se a identificação do Maioral de cada identidade criadora de reses bravas.

 

A figura do Maioral, ganha maior impacto em ganadarias de grande dimensão e que apresentam mais unidades de homens de trabalho (C.A.D.R.M.A.E., et al., 2012). Uma ganadaria pode possuir mais que um Maioral, tendo os diversos Maiorais, a responsabilidade de gerir cada tipo de produção intrínseca à ganadaria, ou empresa agro-pecuária onde a ganadaria esteja inserida. Isto é, podem existir Maiorais apenas responsáveis pela criação dos novilhos, vacadas e outros grupos de animais associados à ganadaria brava em si e, ou podem estar devidos por explorações paralelas à ganadaria, como o sobreiros, vinha, azeite, bovinos de carne ou leite, equinos, ovinos, caprinos suínos, etc.

 

Segundo C.A.D.R.M.A.E. et al. ( 2012), existem figuras paralelas ao Maioral em outros países taurinos, como por exemplo nos países ibero- americanos são denominados de “caporal”, sobretudo no México, embora a função não seja exactamente a mesma.

O mesmo ocorre na região da Camarga em França com os Guardiens, que geralmente usam de auxílio os cavalos russos, típicos desta região francesa.

 

De acordo com C.A.D.R.M.A.E. et al. ( 2012) o Maioral, apesar de ser o chefe da equipa, teve que assumir novas competências e funções que complementam o seu perfil laboral, e que contribuem para a modernização e o melhoramento do próprio sector tanto em Portugal como em Espanha.

 

Nos Açores, devido à pequena dimensão da maioria das ganadarias e à realidade dos mercados do toiro bravo nesta região, o Maioral é uma figura que muitas vezes, se mistura com a do ganadeiro. Em alguns casos o Maioral destas ganadarias, acaba por ser próprio ganadeiro, ou membros da família, nomeadamente os filhos do criador de reses bravas. Nomes como, José Rodrigues em Herdeiros de Ezequiel Rodrigues, João Gaspar na ganadaria de “João Quinteiro”, José de Sousa de Humberto Filipe, Paulo Dias na de Francisco Sousa, ou António Ferreira na Casa Agrícola José Albino Fernandes, são exemplos de maiorais que têm laços familiares com a ganadaria. No entanto, surgem outros nomes no seio dos Maiorais, que pouco tem a ver com os laços familiares dos proprietários das ganadarias bravas insulares, tais como “José da Lata” na antiga ganadaria de Castro Parreira, “Chico André”, José "Faveira" em Rego Botelho, “Martins” na Casa Agrícola José Albino Fernandes, Gabriel Ourique, Carlos Narciso Silva e João Caldeira na ganadaria de Eliseu Gomes, ou Hélio Silveira na ganadaria Jorgense de Álvaro Amarante (Ortins, 1997; Ortins, 1998; ARCTTC, 2006 e Lucas, 2006).

 

Maioral, é também o tema central de uma monografia publicada no ano de 2012, que resulta de uma compilação efectuada pelo Governo da Extremadura - Consejería de Agricultura, Desarrollo Rural, Medio Ambiente y Energía em Espanha. O documento reúne informação colectada em Espanha e Portugal por ganadeiros, toureiros, maiorais e técnicos de renome no mundo da criação do toiro bravo. A obra El Mayoral o Maioral en las ganaderías de lidia de Extremadura y Portugal - FUNCIONES E IMPORTANCIA reúne em 86 páginas de informação na língua espanhola e portuguesa, sobre a figura do Maioral, bem como, todas as suas funções e competências. Um documento que pode ser descarregado de forma gratuita através do link da internet http://www.toroslidia.com/wp-content/uploads/2011/03/Monografia-El-Mayoral-o-Maioral-en-las-ganader%C3%ADas-de-lidia-de-Extremadura-y-Portugal.pdf, que realça a importância fundamental destes Homens e que começa a reunir as técnicas do Homem do campo, muitas vezes aprendidas de geração em geração de modo empírico.

 

 

 

 

Baseado em:

 

 

·         Almeida, M. A. (2002). “Maioral”, Conceição Andrade Martins, Nuno Gonçalo Monteiro (orgs.), A Agricultura: Dicionário das Ocupações, Nuno Luís Madureira (coord.), História do Trabalho e das Ocupações, vol. III, Oeiras, Celta Editora, pp. 216-218. ISBN: 972-774-133-9.

·         ARCTTC. (2006). Ganadarias. Disponível em: http://www.toiroscorda.com/antigo/index.php?op=ganadarias. Consulta efectuada a 11 de Dezembro de 2012.

·         Consejería de Agricultura, Desarrollo Rural, Medio Ambiente y Energía; Borja Domecq; Fernández J. S; Marrón J. M. L; Ferrera, A; Castro J. L; Bazaga, J; Martín, V. G; Sancho, G; Presumido, J; Izquierdo, L; Núñez, S. (2012). El Mayoral o Maioral en las ganaderías de lidia de Extremadura y Portugal - FUNCIONES E IMPORTANCIA. Governo da Extremadura - Consejería de Agricultura, Desarrollo Rural, Medio Ambiente y Energía.

·         Ortins, I. (1997). Ganadarias Terceirenses - Ganadaria da Casa Agricola José Albino. Revista Festa na Ilha. 1:21-23.

·         Ortins, I. (1998). Ganadarias Terceirenses – Eliseu Gomes. Revista Festa na Ilha nº2:21-22.

·         Lucas, V. (2006). Ganadarias Portuguesas. Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide.

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