Texto e fotografia: Pedro Correia
De acordo com Almeida (2002) Maioral é um termo que pode
ser empregado a quem lidera essencialmente trabalhos na agricultura. Sendo
assim, a figura do Maioral, segundo Almeida (2002) e Consejería de Agricultura,
Desarrollo Rural, Medio Ambiente y Energía (C.A.D.R.M.A.E.) et al. (2012) está
associada a diversos tipos de produção agro-pecuária (bovinos de carne e leite,
equinos, ovinos, suínos, etc.), contudo, este termo é em grande medida aplicado
às ganadarias de reses de lide.
Em termos gerais, o Maioral é um gestor do
trabalho de campo de explorações agro-pecuárias, no entanto, este termo é
utilizado frequentemente nas ganadarias bravas. Na consulta dos dados das
ganadarias bravas em ARCTTC (2006), Lucas (2006) e UCTL (2011), verifica-se a
identificação do Maioral de cada identidade criadora de reses bravas.
A figura do Maioral, ganha maior impacto em
ganadarias de grande dimensão e que apresentam mais unidades de homens de
trabalho (C.A.D.R.M.A.E., et al., 2012). Uma ganadaria pode possuir mais que um
Maioral,
tendo os diversos Maiorais, a responsabilidade de gerir cada tipo de produção
intrínseca à ganadaria, ou empresa agro-pecuária onde a ganadaria esteja inserida.
Isto é, podem existir Maiorais apenas responsáveis pela
criação dos novilhos, vacadas e outros grupos de animais associados à ganadaria
brava em si e, ou podem estar devidos por explorações paralelas à ganadaria,
como o sobreiros, vinha, azeite, bovinos de carne ou leite, equinos, ovinos, caprinos
suínos, etc.
Segundo C.A.D.R.M.A.E. et al. ( 2012), existem
figuras paralelas ao Maioral em outros países taurinos,
como por exemplo nos países ibero- americanos são denominados de “caporal”,
sobretudo no México, embora a função não seja exactamente a mesma.
O mesmo ocorre na região da Camarga em França com
os Guardiens, que geralmente usam de auxílio os cavalos russos, típicos desta
região francesa.
De acordo com C.A.D.R.M.A.E. et al. ( 2012) o Maioral,
apesar de ser o chefe da equipa, teve que assumir novas competências e funções
que complementam o seu perfil laboral, e que contribuem para a modernização e o
melhoramento do próprio sector tanto em Portugal como em Espanha.
Nos Açores, devido à pequena dimensão da maioria
das ganadarias e à realidade dos mercados do toiro bravo nesta região, o Maioral
é uma figura que muitas vezes, se mistura com a do ganadeiro. Em alguns casos o
Maioral
destas ganadarias, acaba por ser próprio ganadeiro, ou membros da família, nomeadamente
os filhos do criador de reses bravas. Nomes como, José Rodrigues em Herdeiros
de Ezequiel Rodrigues, João Gaspar na ganadaria de “João Quinteiro”, José de
Sousa de Humberto Filipe, Paulo Dias na de Francisco Sousa, ou António Ferreira
na Casa Agrícola José Albino Fernandes, são exemplos de maiorais que têm laços
familiares com a ganadaria. No entanto, surgem outros nomes no seio dos Maiorais,
que pouco tem a ver com os laços familiares dos proprietários das ganadarias
bravas insulares, tais como “José da Lata” na antiga ganadaria de Castro
Parreira, “Chico André”, José "Faveira" em Rego Botelho, “Martins” na Casa Agrícola
José Albino Fernandes, Gabriel Ourique, Carlos Narciso Silva e João Caldeira na
ganadaria de Eliseu Gomes, ou Hélio Silveira na ganadaria Jorgense de Álvaro
Amarante (Ortins, 1997; Ortins, 1998; ARCTTC, 2006 e Lucas, 2006).
Maioral, é também o tema central de uma monografia
publicada no ano de 2012, que resulta de uma compilação efectuada pelo Governo
da Extremadura - Consejería de Agricultura, Desarrollo Rural, Medio Ambiente y
Energía em Espanha. O documento reúne informação colectada em Espanha e Portugal
por ganadeiros, toureiros, maiorais e técnicos de renome no mundo da criação do
toiro bravo. A obra El Mayoral o Maioral en
las ganaderías de lidia de Extremadura y Portugal - FUNCIONES E IMPORTANCIA reúne em 86 páginas de informação na língua
espanhola e portuguesa, sobre a figura do Maioral, bem como, todas as suas funções e competências. Um
documento que pode ser descarregado de forma gratuita através do link da
internet http://www.toroslidia.com/wp-content/uploads/2011/03/Monografia-El-Mayoral-o-Maioral-en-las-ganader%C3%ADas-de-lidia-de-Extremadura-y-Portugal.pdf,
que realça a importância fundamental destes Homens e que começa a reunir as
técnicas do Homem do campo, muitas vezes aprendidas de geração em geração de
modo empírico.
Baseado em:
·
Almeida, M. A. (2002). “Maioral”, Conceição Andrade
Martins, Nuno Gonçalo Monteiro (orgs.), A Agricultura: Dicionário das
Ocupações, Nuno Luís Madureira (coord.), História do Trabalho e das
Ocupações, vol. III, Oeiras, Celta Editora, pp. 216-218. ISBN:
972-774-133-9.
·
ARCTTC. (2006). Ganadarias. Disponível em: http://www.toiroscorda.com/antigo/index.php?op=ganadarias.
Consulta efectuada a 11 de Dezembro de 2012.
·
Consejería de
Agricultura, Desarrollo Rural, Medio Ambiente y Energía; Borja Domecq;
Fernández J. S; Marrón J. M. L; Ferrera, A; Castro J. L; Bazaga, J; Martín, V.
G; Sancho, G; Presumido, J; Izquierdo, L; Núñez, S. (2012). El Mayoral o
Maioral en las ganaderías de lidia de
Extremadura y Portugal - FUNCIONES E IMPORTANCIA. Governo da Extremadura - Consejería
de Agricultura, Desarrollo Rural, Medio Ambiente y Energía.
·
Ortins, I. (1997). Ganadarias Terceirenses - Ganadaria da Casa Agricola
José Albino. Revista Festa na Ilha. 1:21-23.
·
Ortins, I. (1998).
Ganadarias Terceirenses – Eliseu Gomes. Revista Festa na Ilha nº2:21-22.
·
Lucas, V. (2006).
Ganadarias Portuguesas. Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide.
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