Texto e fotografia: Pedro Correia
Quem não se recorda de programas televisivos como
Gregos e Troianos, ou Prós e Contras, onde as touradas foram debatidas entre
grupos a favor e do contra. Esta mítica discussão apoiada em distintas bases ideológicas,
gerou um mediatismo que grupos abolicionistas das touradas souberam aproveitar
para, a pouco e pouco, ameaçar um mundo urbanizado, que muitas vezes desconhece
a sua cultura, e consequentemente, a sua própria identidade, estando por isso
sujeito a processos de aculturação, que podem por em causa a cultura nacional e
diversidade cultural.
Como bons portugueses, outrora exemplo do mundo,
hoje grandes imitadores de autênticas especulações das sociedades, decidimos “copiar” atitudes
vindas do exterior, ou ficar com receio de reacções de grupos que se
intitulavam, e intitulam de eticamente superiores, por não utilizarem animais para
atingir determinados fins. Assim a tauromaquia passou a ser olhada de lado pela
própria sociedade e política. Todavia, exemplos de coragem e organização firme
vão surgindo dentro e fora de Portugal para recolocar a cultura taurina no
respeito dos cidadãos.
Em 2011, quando todos menos esperavam, França
classificava a tauromaquia como Património Imaterial da Cultura (PIC). O pedido
executado pela organização francesa do Observatório Nacional das Culturas
Taurinas (ONCT), baseado em fundamentos científicos, culturais e nos requisitos
da UNESCO, foi aceite pelo Ministério da Cultura de França. Um trabalho organizado
que serviu de lufada de ar fresco em todo o mundo taurino, e nas outras
comunidades onde a tauromaquia tem forte expressão [7].
A perca de Barcelona, os atos anti-taurinos na
América do Sul, nomeadamente na Venezuela, Peru e Equador, assim como no resto
do mundo da tauromaquia, amplamente debatidos na segunda edição do II Fórum
Mundial da Cultura Taurina em 2012 na ilha Terceira, despoletaram os
aficionados e organizações taurinas para uma pro-atividade, fazendo seguir o
exemplo francês com o intuito de proteger a tauromaquia. Desde então, Portugal,
países americanos, tais como México, Venezuela, Equador, Peru e Colômbia, têm
declarado a tauromaquia como PIC sobre as normas da Unesco [1; 3; 4; 8].
Segundo consta em [2; 6], Portugal já consta com 17 municípios, em que a tauromaquia
está declarada como PIC, fazendo parte destes, o da Praia da Vitória na ilha
Terceira.
Semelhante processo ocorreu em vários municípios espanhóis,
através da declaração de Bem de Interesse Cultural (BIC), forma legal espanhola
de proteger a cultura deste país. Nesta onda de proteção à cultura taurina, o
dia 12 de Fevereiro de 2013 será recordado por um dia histórico, devido à aprovação
da Iniciativa Legislativa Popular (ILP) feita no parlamento espanhol, em que se
prevê a declaração de BIC à tauromaquia em todo o território espanhol, podendo
as corridas de toiros voltar à Catalunha [5].
Com todos estes movimentos em defesa da festa
brava, não há que ficar indiferente. Neste caso deve o bom português seguir o
exemplo, e de uma vez por todas, perder o medo de ficar mal visto perante determinados
grupos sociais, que muitas vezes baseiam-se na implantação de bases ideológicas
e filosóficas em detrimento da cultura, identidade e liberdade dos povos. Pelos
Açores, o mesmo ativismo de defesa em prol da tauromaquia deve ocorrer em cada cidadão que sente orgulho de ser açoriano, e defende não
só a tourada à corda ou a festa brava em geral, mas sim toda cultura açoriana.
Bibliografía:
[1]
Álvarez; E. (2012). Aprueban como patrimonio corridas de toros en Querétaro. WRádio. Disponível em: http://www.wradio.com.mx/noticias/actualidad/aprueban-como-patrimonio-corridas-de-toros-en-queretaro/20121214/nota/1811754.aspx.
Consulta efetuada em 14 de Fevereiro de 2013.
[2] ANMP (2013), Tauromaquia - Património
Cultural Imaterial. Disponivel
em: http://www.anmp.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=539&Itemid=111.
Consulta efetuada em 14 de Fevereiro de 2013.
[3] Burladero (2013). Choachí,
primer municipio colombiano en declarar los toros Patrimonio Cultural
Inmaterial - Defensa de la Fiesta en Colombia. Disponivel em: http://www.burladero.com/aficioncultura/033797/defensa/fiesta/colombia.
Consulta efetuada em 14 de Fevereiro de 2013.
[4] Burladero
América. (2012). ECUADOR.- Primer cantón que blinda la fiesta - Mejía declara
los toros patrimonio cultural inmaterial. Disponível em: http://www.burladero.com/america/032151/mejia/declara/toros/patrimonio/cultural/inmaterial.
Consulta efetuada em 14 de Fevereiro de 2013.
[5]
Campillo; J. (2013). Los toros sí son Bien de Interés Cultural. Burladero. Disponivel
em: http://www.burladero.com/inicio/034020/toros/interes/cultural. Consulta
efetuada em 14 de Fevereiro de 2013.
[6] Lusa. (2012). Açores: Praia da Vitória declarou
tauromaquia como Património Cultural Imaterial do Concelho. Disponível em: http://expresso.sapo.pt/acores-praia-da-vitoria-declarou-tauromaquia-como-patrimonio-cultural-imaterial-do-concelho=f734856#ixzz2KtNW6ZYD.
Consulta efetuada a 14 de Fevereiro de 2013.
[7] Público. (2011). Francia
declara las corridas de toros Patrimonio Cultural Inmaterial. Disponível em: http://www.publico.es/internacional/372577/francia-declara-las-corridas-de-toros-patrimonio-cultural-inmaterial.
Consulta efetuada em 14 de Fevereiro de 2013.
[8] TauroInternacional.
(2012). La defensa Internacional de la Tauromaquia continua imparable:
Importantes ciudades de Portugal, Venezuela y México declaran los festejos
taurinos Patrimonio Cultural Inmaterial. Disponível em: http://www.taurointernacional.com/index.php/noticias/venezuela/82-noticias/462-la-defensa-internacional-de-la-tauromaquia-continua-imparable-importantes-ciudades-de-portugal-venezuela-y-mexico-declaran-los-festejos-taurinos-patrimonio-cultural-inmaterial-.
Consulta efectuada em 14 de Fevereiro de 2013.
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