Texto e fotografia: Pedro Correia
Devido às condições climáticas dos
Açores, o pastoreio do gado bovino é possível praticamente todo o ano e na
maioria das ocasiões. O clima temperado húmido com influência marítima, aliado
a solos férteis, proporciona excelentes condições naturais para a produção de
pastagem e para o pastoreio. No entanto, durante alguns períodos do ano a
produção de pastagem é insuficiente para cobrir as necessidades alimentares do
efectivo bovino, utilizando-se nesta situação o recurso de forragens
conservadas, como complemento alimentar ao pastoreio. Na ilha Terceira há
claramente zonas pastagens claramente delimitadas pela altitude. Em Sousa
(2000) observa-se uma classificação das pastagens da ilha Terceira de acordo
com a altitude, onde o gado bravo é inserido nas de maior elevação, tal como é
do conhecimento geral da sociedade local terceirense.
As pastagens podem então ser
classificadas como de baixa altitude, quando abaixo dos 250 m. Estas pastagens geralmente
estão encostadas à orla marítima e aproximam-se das moradias das gentes da ilha
Terceira, já que a maioria das freguesias e cidades encontram-se na beira
litoral. Estas pastagens, muitas vezes servem de abrigo ao gado manso no
Inverno, e, que, no Verão, pasta em terras mais altas para se protegerem de uma
seca da estação mais quente do ano.
As pastagens classificadas em
médias-altas estão compreendidas entre 250 a 450 m de altitude, onde se estende por uma
importante área de pastagens permanentes e que definem as bacias leiteiras mais
representativas da Região, nomeadamente, aquela conhecida por Paul, e actualmente
bem conhecida no mundo do turismo insular como manta de retalhos, que tem vista
do topo do maciço da Serra do Cume. Nestas pastagens semeadas, abundam espécies
como os azevéns, nomeadamente os de ciclo vivaz ou perene (Lolium perene) e o trevo branco (Trifolium repens). Estas pastagens de média altitude, são a grande
base de sustento da produção leite de vaca da ilha, já que têm erva durante
todo o ano. Inverno e Verão são as estações anuais onde há um decréscimo na produção
de erva.
Nas zonas de maior altitude (> 450 m ), as condições climáticas
extremam-se (elevada precipitação e humidade, zonas de nevoeiro e elevada nebulosidade,
redução do numero de horas de luz e temperaturas mais baixas), o que
normalmente associado a declives acentuados, aumenta as limitações à produção.
A esta altitude predominam as pastagens permanentes de menor valor, geralmente naturais
ou seminaturais. São nestas pastagens de menor produtividade com espécies de baixo valor nutritivo e de grande resistência ao encharcamento, onde habita o
gado bravo da ilha Terceira. As condições de rusticidade da raça Brava permitem
rentabilizar estes terrenos que mostram dificuldades acrescidas à produção de
leite e carne de outras raças de bovinos, ou até pequenos ruminantes. Assim
sendo, a criação do gado bravo, por intermédio das ganadarias, resulta num meio
eficiente de rentabilização do espaço que envolve o interior da ilha Terceira,
acabando por não modificar em demasia a paisagem e ex-libris ecológico e turístico
da ilha.
Baseado em:
Sousa, P. (2000). Avaliação da
Qualidade da Pastagem para o Pastoreio em 8 bacias leiteiras da Ilha Terceira. Relatório
final de curso da Universidade dos Açores. Angra do Heroísmo.
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