Texto e fotografia: Pedro Correia
Os Açores, como arquipélago de nove ilhas, sente na
“pele” o isolamento do mundo feito pelo mar. Esta insularidade que separa as
ilhas do resto do mundo é actualmente compensada por um desenvolvimento
exponencial da tecnologia (meios de transporte e comunicação social,
nomeadamente revistas, jornais, rádio, televisão, internet, etc.).
Os media
que se tem desenvolvido durante os séculos XX e XXI de forma alucinante, também
tem afectado a tauromaquia de modo substancial. Recordo os anos em que a
juventude começava a dominar programas de chat na internet, como o mIRC, meio
onde conheci aquele que foi um dos pioneiros no desenvolvimento da comunicação
social taurina portuguesa na internet, o Hugo Calado, actual responsável pelo
site www.toureio.com (antigo www.toureio.no.sapo.pt). Na inocência da nossa adolescência, o Hugo
convidou-me a fazer parte daquele que viria a ser um site de referência em
Portugal na comunicação social taurina e que pode-se dizer que revolucionou a
tauromaquia nacional na internet e embora não houvesse intenções, criou
incómodos!
Anos passaram e o antigo toureio no sapo
desenvolveu-se limitando-se a escrever o que os olhos dos seus colaboradores
viam. Pelo continente o Hugo em conjunto com os nossos colegas corria praças,
enquanto pelos Açores eu ia enviando umas crónicas construídas com a inexperiência
natural e alguma irreverência.
Mais tarde desloquei-me para a capital do Ribatejo,
cidade de Santarém, pelos motivos que levam imensos jovens açorianos a deixar
as suas casas e famílias, o ingresso no ensino superior. Outra vez uma quebra de
barreiras, o conhecimento de novas gentes, o inicio da compreensão de novas
vivências.
Por terras escalabitanas como estudante da Escola
Superior Agrícola de Santarém, iniciei a minha colaboração com a equipa do meu
colega Hugo nas ilhas e no continente durante os tempos livres. Nesse
passatempo, quando decorria o mês de Março de 2007, num dia de corrida de
toiros durante as festas de São José em Santarém, estava estipulado fazer a
crónica do festejo em conjunto com o fotógrafo do toureio no sapo Nuno Duarte.
A partir desse momento conheci este aficionado das terras do Tejo e desde então
desenvolveu-se uma grande amizade entre duas pessoas que nutrem o gosto pela
festa brava de dois pontos distintos de Portugal, num grande centro da
tauromaquia nacional, o Ribatejo.
Uma amizade fomentada pelo toiro e pela sua festa,
que no ano de 2008 fez com que recebesse este ilustre amigo na ilha Terceira,
que se deslocou desde o continente propositadamente à ilha para assistir a uma
corrida de toiros. Com a sua estadia limitada a um dia apenas o levei a
conhecer as ganadarias bravas no seio dos montes verdes açorianos, para durante
a noite assistirmos à corrida e vivenciarmos o ambiente de mais tourada de
praça na Praça de Toiros da Ilha Terceira.
No final da corrida mostrei-lhe o bonito edifício
Tertúlia Tauromáquica Terceirense localizado junto à praça de toiros, onde
depois sentamos a beber um copo e travarmos ali conversas de tertúlia, assim
como fizeram outros aficionados. Mais do que comentar a corrida, comentou-se a
forma de ver sentir uma corrida na ilha Terceira. Dizia-me e diz-me o Nuno –
Nesta praça há um silêncio abismal quando o forcado vai à cara de um toiro,
gostava de ver no toureio a pé! Isto no continente não acontece, vocês aqui na
Terceira tem uma grande afición, para mim a melhor de Portugal. Nisso discordo,
para mim não somos melhores nem piores, somos diferentes, assim como Santarém,
Vila Franca de Xira, Évora, Moita, Azambuja, Chamusca, Coruche, Samora Correia,
Lisboa, etc., são diferentes entre si. É rico ver como num país tão pequeno
como Portugal haja uma tauromaquia variada, bem como os modos de a viver e
sentir tão diversos.
É pelo espirito de amizade que tenho com o Nuno
Duarte, que o convidei a ter participação activa no blog Toiros&Açores. Um
convite ao qual obtive uma resposta positiva, por isso a partir de hoje este
blog volta a enriquecer o seu espaço através da colaboração do aficionado das
terras do Tejo Nuno Duarte.

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