sábado, 29 de dezembro de 2012

Violência da Querença

 

 






Texto e fotografia: Pedro Correia

 

Diz-se que um toiro tem uma querença, quando procura um determinado local e tenta permanecer no mesmo, muitas vezes com o intuito de se sentir mais comodo para se defender contra adversidades (Esteban, 2004 e Silva, 2012). As querenças podem desenvolver-se no campo, arena, ou inclusive em festejos populares, como é a tourada à corda.

 

Embora nas touradas à corda, haja uma maior dificuldade em detectar querenças, muito devido às irregularidades dos arraiais, por vezes observam-se alguns toiros, com uma tendência de buscar permanentemente a proximidade das paredes, ou mesmo o local de permanência das gaiolas que os transportam.

 

Nas corridas de toiros a detecção de querenças é mais evidente, havendo uma maior probabilidade dos toiros desenvolverem querenças junto à porta dos curros, pois é dai que saem à arena e é o sítio onde o odor dos restantes bovinos que aguardam a saída ao redondel, é mais intenso. No entanto, também podem ser desenvolvidas querenças em qualquer outro terreno da arena, nomeadamente nos médios (centro da arena), tércios (entre centro e tábuas), ou tábuas, independentemente da proximidade da porta dos curros (Esteban, 2004).

 

Por norma, as acções realizadas a uma rês brava estão estritamente relacionadas com as querenças. Isto é, a origem de uma querença num bovino bravo, pode ser em grande medida, devido ao maneio executado pelo Homem, independentemente de ser no campo, caminhos ou arenas. Por sua vez, é necessário usar o conhecimento das mesmas querenças das reses bravas para um maior facilitismo do seu maneio, quer no campo, quer na tourada à corda, quer na arena durante a lide.

 

Por exemplo, geralmente os forcados aproveitam para pegar o toiro, quando o cornúpeto está no local oposto ao terreno da sua querença, facilitando assim a sua arrancada e maior facilidade na concretização da pega. Muitas pegas ocorrem com o toiro posicionado no local oposto à sua saída, pois a porta dos curros é considerada a querença natural deste animal, por factores descritos anteriormente. Os mesmos princípios também são utilizados pelos toureiros a pé ou a cavalo. Já na execução da sorte de varas, em que o objectivo é observar as condições de bravura das reses, o ideal será citar, ou chamar a rês brava a partir da sua querença (na maioria das vezes a porta dos curros), avaliando a facilidade do animal sair do sítio, que teoricamente, mais se defende. Detectar os terrenos das querenças do toiro durante uma lide, resulta importante para os toureiros desenvolverem as faenas e para qualquer espectador numa corrida de toiros, compreender o que é feito na arena (Silva, 2012).

 

Os animais que desenvolvem querenças evidentes, isto é, que são enquerençados, sentem-se mais cómodos para se defender nos terrenos que escolhem para permanecer com maior frequência, tornando-se reservados e observando cautelosamente o que os rodeia. De modo geral, os toiros enquerençados, investem de modo violento a partir do terreno da querença, apenas quando são instigados de muito perto. Estes comportamentos criam sérias dificuldades a todos aqueles que lidam com o toiro dentro da arena, incluso campinos ou pastores na recolha das reses. As investidas bruscas destes toiros, muitas vezes levantando os membros dianteiros pelo ar, são capazes de alcançar os corpos dos forcados e montadas de forma gravemente danosa, bem como, os capotes dos peões de brega, criando situações de apuro aos homens trajados de prata.

 


 

 

Baseado em:

·         Esteban, J. M. (2004). Breve Enciclopedia de Tauromaquia. LIBSA: 39.

·         Purroy , A. U. (2003). Comportamiento del toro de lidia EN EL CAMPO, EN EL RUEDO. Universidadd Publica de Navarra. 21-24.

·         Silva J. P. (2012). Terrenos e Querenças do Toiro Bravo. Toiros&Açores. In: http://toiroseacores.blogspot.pt/2012/10/terrenos-e-querencas-do-toiro-bravo.html. Consulta efectuada em 29 de Outubro de 2012.

 





 

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