Texto e
fotografia: Pedro Correia
Diz-se que um toiro tem
uma querença, quando procura um determinado local e tenta permanecer no mesmo,
muitas vezes com o intuito de se sentir mais comodo para se defender contra
adversidades (Esteban, 2004 e Silva, 2012). As querenças podem desenvolver-se
no campo, arena, ou inclusive em festejos populares, como é a tourada à corda.
Embora nas touradas à
corda, haja uma maior dificuldade em detectar querenças, muito devido às
irregularidades dos arraiais, por vezes observam-se alguns toiros, com uma
tendência de buscar permanentemente a proximidade das paredes, ou mesmo o local
de permanência das gaiolas que os transportam.
Nas corridas de toiros
a detecção de querenças é mais evidente, havendo uma maior probabilidade dos
toiros desenvolverem querenças junto à porta dos curros, pois é dai que saem à
arena e é o sítio onde o odor dos restantes bovinos que aguardam a saída ao
redondel, é mais intenso. No entanto, também podem ser desenvolvidas querenças
em qualquer outro terreno da arena, nomeadamente nos médios (centro da arena),
tércios (entre centro e tábuas), ou tábuas, independentemente da proximidade da
porta dos curros (Esteban, 2004).
Por norma, as acções
realizadas a uma rês brava estão estritamente relacionadas com as querenças. Isto
é, a origem de uma querença num bovino bravo, pode ser em grande medida, devido
ao maneio executado pelo Homem, independentemente de ser no campo, caminhos ou
arenas. Por sua vez, é necessário usar o conhecimento das mesmas querenças das
reses bravas para um maior facilitismo do seu maneio, quer no campo, quer na
tourada à corda, quer na arena durante a lide.
Por exemplo, geralmente
os forcados aproveitam para pegar o toiro, quando o cornúpeto está no local
oposto ao terreno da sua querença, facilitando assim a sua arrancada e maior
facilidade na concretização da pega. Muitas pegas ocorrem com o toiro
posicionado no local oposto à sua saída, pois a porta dos curros é considerada
a querença natural deste animal, por factores descritos anteriormente. Os
mesmos princípios também são utilizados pelos toureiros a pé ou a cavalo. Já na
execução da sorte de varas, em que o objectivo é observar as condições de
bravura das reses, o ideal será citar, ou chamar a rês brava a partir da sua
querença (na maioria das vezes a porta dos curros), avaliando a facilidade do
animal sair do sítio, que teoricamente, mais se defende. Detectar os terrenos
das querenças do toiro durante uma lide, resulta importante para os toureiros
desenvolverem as faenas e para qualquer espectador numa corrida de toiros,
compreender o que é feito na arena (Silva, 2012).
Os animais que
desenvolvem querenças evidentes, isto é, que são enquerençados, sentem-se mais
cómodos para se defender nos terrenos que escolhem para permanecer com maior
frequência, tornando-se reservados e observando cautelosamente o que os rodeia.
De modo geral, os toiros enquerençados, investem de modo violento a partir do
terreno da querença, apenas quando são instigados de muito perto. Estes
comportamentos criam sérias dificuldades a todos aqueles que lidam com o toiro
dentro da arena, incluso campinos ou pastores na recolha das reses. As
investidas bruscas destes toiros, muitas vezes levantando os membros dianteiros
pelo ar, são capazes de alcançar os corpos dos forcados e montadas de forma gravemente
danosa, bem como, os capotes dos peões de brega, criando situações de apuro aos
homens trajados de prata.
Baseado em:
·
Esteban, J. M. (2004). Breve Enciclopedia de Tauromaquia. LIBSA: 39.
·
Purroy ,
A. U. (2003). Comportamiento del toro de lidia EN EL CAMPO, EN EL RUEDO. Universidadd
Publica de Navarra. 21-24.
·
Silva J. P. (2012). Terrenos e Querenças do Toiro
Bravo. Toiros&Açores. In: http://toiroseacores.blogspot.pt/2012/10/terrenos-e-querencas-do-toiro-bravo.html. Consulta efectuada em 29 de Outubro de 2012.
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