Texto e
fotografia: Pedro Correia
Trapío é uma palavra de
origem espanhola, que não tem tradução para português e que é utilizada para
definir qualidades do aspecto de um toiro (Cid, 2001).
Diz-se que o toiro tem
trapío quando a sua apresentação cria forte impacto nas pessoas. Sendo assim,
poderíamos dizer que trapío é um conjunto de características morfológicas que
cria um determinado impacto em quem vê a rês. Este impacto que falamos, poderá
traduzir-se na imponência e potencial de perigo que o toiro transmite apenas
pelas características morfológicas que apresenta. No entanto, as formas como o
animal se move, também associadas às suas capacidades físicas, pode ser um
indicador de que o animal tem ou não trapío. Sendo assim, parece mais correcto
fazer um juízo sobre o conceito de trapío, tendo em conta as condições
morfológicas, bem como, a funcionalidade das capacidades físicas (Barga, 1989 e
Paes, 2007).
Contudo, o mesmo toiro
pode transmitir sensações distintas entre as pessoas, podendo o mesmo animal ser
classificado no trapío de formas distintas, entre pessoas. Tal facto ocorre,
porque a avaliação do trapío pode estar sujeita a um carácter subjectivo, que
pode ser clarificada com a atribuição de critérios para definir este parâmetro
(Barga, 1989; Montesinos, 2002 e Cid, 2001).
A morfologia do toiro,
bem como, a sua funcionalidade, ou seja, as condições morfo-funcionais das reses,
estarão sempre conectadas ao seu trapío. Sobre o trapío, o ganadeiro actua com
maior facilidade, em relação às características comportamentais que o toiro
pode possuir (Bravura), nomeadamente através de adequada nutrição, sanidade e
próprio maneio dos animais.
Em síntese o trapío é
um aspecto imprescindível no toiro, sobre o qual o ganadeiro tem grande
responsabilidade na sua presença ou ausência. Para ajudar na compreensão deste
tema tão importante como é o trapío, e das sensações que o aspecto dos toiros
podem suscitar nas pessoas, citamos as palavras do aficionado da ilha Terceira
João Paes:
“Olhem, olhem bem!... Que postura agressiva, expressões ferozes diversas
realçam as formas musculadas do corpo no seu andar, a posição do rabo hirto e a
maneira de “meter a cabeça” definem a investida, a persistência nas atitudes e
no “carregar as sortes” definem a bravura!
Tudo começa por ai…, pelas formas e expressões do corpo do Toiro!”
Citação do aficionado
João Paes em Revista Festa na Ilha nº11:20-21.
Baseado em:
·
Barga,
R. B. (1989). Taurología - La Ciencia del Toro de Lidia. Colección La
Tauromaquia nº20: 223-328.
·
Cid,
P. S. (2001). O Exterior dos Bovinos das Raças Autóctones. Edições Garrido.
·
Montesinos,
A. (2002). Prototipos Raciales del Toro de Lidia. Ed. Ministerio de
Agricultura, Pesca y Alimentación, Madrid.45-90 pp
·
Paes, J. (2007). O Corpo do Toiro. Revista Festa na
Ilha nº11:20-21.
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