segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Viajar no Tempo II



Já à alguns dias atrás, colocaram um comentário na foto deste blog, referente a uma vaca Catrina do Sr. João Ângelo, cujo titulo é “Viajar no Tempo”. O visitante, que efectuou o comentário, aproveitou para colocar algumas questões quanto a estes animais.
Pelo que tenho conhecimento, o nome Catrina, surge de um toiro do Senhor João de Sousa (Cadelinha), que tinha o nome de “Catrina Velho”. Este animal, foi corrido na corda, mas igual que a maioria do gado da época (1910-1920), não haviam grandes conhecimentos sobre a sua procedência.
A suposta fotografia do toiro “Catrina Velho”, aparece em vários documentos e mostra um animal com uma mancha branca na cabeça, à semelhança do animal na foto abaixo.

O nome deste toiro é responsável pela forma com que muitas pessoas conhecem o tipo de gado que predominava na ilha, no início do século XX, bem como os animais, que pertencem ao Sr. João Ângelo.
Estes animais mostrados em ambas as fotografias, devem ser, o que mais se aproxima ao tipo de bovino da ilha, em períodos antecedentes ao século XX.
Observa-se alguma disparidade na morfologia, destes animais. Alguns fazem lembrar as raças autóctones ibéricas, o que se torna normal devido à origem das pessoas que colonizaram as ilhas. Outros animais, parecem ter alguns rasgos, de raças com maior especialidade de produção, Holstein, Shorton, Normanda e Jersey. Este facto também resulta normal, pois nos finais do século XIX, inícios do século XX, iniciar-se a introdução destes animais na ilha.


Do mesmo modo que, os primeiros toiros utilizados em Espanha, América e Portugal Continental para espectáculos taurinos, resultam de animais agressivos, com fins cárnicos, ou de trabalho, na ilha Terceira, tendo em conta algumas bibliografias, supõe-se que ocorria o mesmo, durante os períodos antecedentes ao ano de 1910.
Em 1910, chega à Ilha Terceira, o primeiro bovino de raça brava, um toiro para a ganadaria dos Irmãos Corvelos, e ao que parece para servir de reprodutor, nas vacas que os criadores já possuíam. A partir deste modelo, resultam muitos cruzamentos entre animais de raça brava e as reses que já existiam na ilha Terceira.



É de salientar que existem referencias, de cruzamentos de animais catrinas com gado de raça brava em quase todas as ganadarias terceirenses, e outras tem no seu esboço histórico, criadores da ilha, cuja procedência dos animais, resulta duvidosa.
Actualmente, o gado Catrina, resume-se a um pequeno efectivo do Sr. João Ângelo. Também em algumas ganadarias observam-se alguns animais cruzados, com reses de raça brava, mas a sua principal finalidade, é de servir, como vaca de chocalho.



3 comentários:

  1. Agradeço a sua disponibilidade em colocar este post!
    Consegui esclarecer algumas das minhas dúvidas.

    Agora faço uma pequena questão.
    Não será de interesse histórico, para a Festa Brava da ilha, manter-se um efectivo destes animais, já que se encontram em vias de desaparecer?

    Mais uma vez agradeço a sua disponibilidade em colocar um post relativo à questão que lhe fiz!

    Obrigado e continue com o bom trabalho!

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  2. A questão é interessante e alvo de muita discussão. No entanto, o problema da conservação destes animais é um pouco semelhante aos problemas atribuídos à conservação das raças autóctones.
    Concordo com o facto dos efectivos serem alvo de estudo e inclusive de conservação. Isto é um tema que aborda a própria história da agricultura açoriana, modos de vida das sociedades insulares e por consequência a sua cultura. Por isso, o tema deve ser de interesse comunitário, do estado.
    Não deve ser resumido à festa brava, pois mesmo assim nos dias que correm, a seguir aos proprietários destes animais, são as ganadarias bravas da ilha Terceira, que mais contribuem para a sobrevivência deste tipo de animais, quando compram reses deste tipo para servirem, ou cruzadas com bovinos de raça brava produzirem de vacas de chocalho.

    Obrigado

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  3. Corrijo “…produzirem de vacas de chocalho.” Para “…produzirem vacas de chocalho”.

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