Já à alguns dias atrás, colocaram um
comentário na foto deste blog, referente a uma vaca Catrina do Sr. João Ângelo, cujo titulo é “Viajar no Tempo”. O
visitante, que efectuou o comentário, aproveitou para colocar algumas questões
quanto a estes animais.
Pelo que tenho conhecimento, o nome Catrina, surge de um toiro do Senhor
João de Sousa (Cadelinha), que tinha o nome de “Catrina Velho”. Este animal,
foi corrido na corda, mas igual que a maioria do gado da época (1910-1920), não
haviam grandes conhecimentos sobre a sua procedência.
A suposta fotografia do toiro “Catrina
Velho”, aparece em vários documentos e mostra um animal com uma mancha branca
na cabeça, à semelhança do animal na foto abaixo.
O nome deste toiro é responsável pela
forma com que muitas pessoas conhecem o tipo de gado que predominava na ilha,
no início do século XX, bem como os animais, que pertencem ao Sr. João Ângelo.
Estes animais mostrados em ambas as
fotografias, devem ser, o que mais se aproxima ao tipo de bovino da ilha, em
períodos antecedentes ao século XX.
Observa-se alguma disparidade na
morfologia, destes animais. Alguns fazem lembrar as raças autóctones ibéricas,
o que se torna normal devido à origem das pessoas que colonizaram as ilhas. Outros
animais, parecem ter alguns rasgos, de raças com maior especialidade de produção,
Holstein, Shorton, Normanda e Jersey. Este facto também resulta normal, pois
nos finais do século XIX, inícios do século XX, iniciar-se a introdução destes
animais na ilha.
Do mesmo modo que, os primeiros toiros
utilizados em Espanha, América e Portugal Continental para espectáculos taurinos,
resultam de animais agressivos, com fins cárnicos, ou de trabalho, na ilha
Terceira, tendo em conta algumas bibliografias, supõe-se que ocorria o mesmo,
durante os períodos antecedentes ao ano de 1910.
Em 1910, chega à Ilha Terceira, o primeiro bovino de raça brava, um toiro para a ganadaria dos Irmãos Corvelos, e ao que parece para servir
de reprodutor, nas vacas que os criadores já possuíam. A partir deste modelo,
resultam muitos cruzamentos entre animais de raça brava e as reses que já
existiam na ilha Terceira.
É de salientar que existem referencias,
de cruzamentos de animais catrinas
com gado de raça brava em quase todas as ganadarias terceirenses, e outras tem
no seu esboço histórico, criadores da ilha, cuja procedência dos animais, resulta
duvidosa.
Actualmente, o gado Catrina, resume-se a um pequeno efectivo do Sr. João Ângelo. Também
em algumas ganadarias observam-se alguns animais cruzados, com reses de raça
brava, mas a sua principal finalidade, é de servir, como vaca de chocalho.
Agradeço a sua disponibilidade em colocar este post!
ResponderExcluirConsegui esclarecer algumas das minhas dúvidas.
Agora faço uma pequena questão.
Não será de interesse histórico, para a Festa Brava da ilha, manter-se um efectivo destes animais, já que se encontram em vias de desaparecer?
Mais uma vez agradeço a sua disponibilidade em colocar um post relativo à questão que lhe fiz!
Obrigado e continue com o bom trabalho!
A questão é interessante e alvo de muita discussão. No entanto, o problema da conservação destes animais é um pouco semelhante aos problemas atribuídos à conservação das raças autóctones.
ResponderExcluirConcordo com o facto dos efectivos serem alvo de estudo e inclusive de conservação. Isto é um tema que aborda a própria história da agricultura açoriana, modos de vida das sociedades insulares e por consequência a sua cultura. Por isso, o tema deve ser de interesse comunitário, do estado.
Não deve ser resumido à festa brava, pois mesmo assim nos dias que correm, a seguir aos proprietários destes animais, são as ganadarias bravas da ilha Terceira, que mais contribuem para a sobrevivência deste tipo de animais, quando compram reses deste tipo para servirem, ou cruzadas com bovinos de raça brava produzirem de vacas de chocalho.
Obrigado
Corrijo “…produzirem de vacas de chocalho.” Para “…produzirem vacas de chocalho”.
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