quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O Capinha

 



 
Texto e fotografia: Pedro Correia
 
O perigo eminente que o toiro transporta consigo, torna-se um pretexto para uma aproximação física entre este animal e o Homem. Poderíamos dizer que este seria um factor para originar uma componente lúdica Homem versus Toiro que poderiamos designar por “jogos taurinos”. A denominação de “jogos taurinos” identifica um grande conjunto de diversas manifestações taurinas  que existiam em periodos antecedentes ao do nascimento das conhecidas corridas de toiros, bem como, das manifestações de tauromaquia popular que conhecemos actualmente, tais como, largadas, entradas de toiros, esperas de gado, encierros, ou as típicas touradas a corda da ilha Terceira.
 
Enquanto nas corridas de toiros o “jogo” propicia-se de forma organizada, em que quem joga (toureiro) é uma personagem previamente determinada, nas manifestações populares, ou de rua, todas as pessoas podem ter acesso à proximidade física com o toiro. Por isso na tourada à corda, qualquer pessoa pode ser "toureiro" por momentos, ou seja, a qualquer momento pode tornar-se “capinha”.
 
No entanto, os mais afoitos costumam manter esse gosto por “ir à cara dos toiros”, ficando alguns conhecidos na sociedade terceirense pelos seus desempenhos como capinhas.
 
Nomes como Francisco Machado da Luz, Agostinho Borges Areias, Salvador Dutra Vieira, Joaquim “O Burra Branca”, “O Madeira”, “Ananias”, “Dimas”, “Magalhães”, “Magalhães Júnior”, “Marcinho”; Carlos Paes, “Chico Bixoca”, “Magina” entre muitos outros, ficaram e ficam conhecidos nos caminhos da ilha como capinhas, pela sua destreza a corpo limpo, com a manta ou com o guarda-sol.
 
Embora sejam muitas vezes criticados, pelas quedas dos toiros sobre os asfaltos, devido aos recortes que executam, ou por uma sobrecarga de intervenções sobre as reses bravas, o que é facto é que a sua presença nas touradas à corda é essencial para o brilho desta manifestação taurina local. Tal como refere a letra da música “Capinha” do cantor terceirense Carlos Alberto Moniz: “Mas uma tourada sem ter um capinha é como um jardim onde a vida secou”.

 
 
Fontes bibliográficas:
 
·         Bruges, J. P. (1999). A Evoluçao da Festa na Ilha Terceira. Revista Festa na Ilha, nº3: 4-9.
·         Costa, A. (2003). Terceira terra de touradas. Jornal Diário Insular, LVII: nº 17453: 4-9.
·         Paes, J. (1998). Recordando… Capinhas Famosos do “Ramo Grande”. Revista Festa na Ilha, nº2: 54-55.
 




Um comentário: