quinta-feira, 29 de novembro de 2012

TOIRO! Padroeiro dos Terceirenses?

 

 
 
Texto e fotografia: Pedro Correia
 
A afición à festa brava na ilha Terceira, é sobejamente conhecida, pelo carinho que as suas gentes têm ao toiro bravo. É verdade, que, nesta terra recordam-se toiros pela sua bravura, façanhas ou detalhes que os tornaram particulares, que nasceram há já quase um século. Vários toiros antigos são hoje recordados, como por exemplo o “Catrina Velho”, “Descornado”, também conhecido por “Galho e Meio”, “Colosso”, “Flor do Mato”, “Mulato”, entra tantos outros. É certo que, grande parte destes momentos dos bravos açorianos do passado estão muito associados à tourada à corda, no entanto, houve toiros que fizeram história sobre os pisos térreos das arenas terceirenses.
 
É sabido que, a tourada à corda tem um papel preponderante na fama que os toiros adquirem, e no desenvolvimento de um gosto especial que o terceirense nutre pela rês brava, visto que, os toiros adquirem prestígio de festejo para festejo. No entanto, é necessário sublinhar, que as corridas de toiros, idolatram os toiros bravos como autênticos deuses, mesmo quando actualmente só se podendo correr os animais por apenas uma vez em praça. Pois é sempre bom relembrar que em tempos, toiros como o “Descornado” da conceituada e extinta ganadaria terceirense Castro Parreira, ficaram famosos nas corridas de toiros da ilha Terceira, em grande parte por serem corridos mais do que uma vez. Assim permitia o regulamento taurino português de épocas passadas.
 
 
Em outros tempos e nos dias de hoje, não obstante há fama adquirida por serem corridos várias vezes nos caminhos, os toiros também gozam de determinado prestígio, derivado de um gosto que os terceirenses nutrem por determinadas ganadarias. A paixão para com as ganadarias é de tal ordem, que são conhecidas por “partidos”, ouvindo-se por vezes a pergunta entre aficionados – Qual é o teu partido? Com o intuito de se referirem, a que ganadaria a pessoa tem maior afinidade. Estas relações, quase clubistas, dos terceirenses pelas ganadarias, por vezes acaba por influenciar a imparcialidade dos juízos de alguns aficionados. Contudo, esta carinho pelas ganadarias, é muitas vezes, o motivo do terceirense seguir atentamente o processo de cria e vida de um determinado do toiro. Sendo assim, a forte ligação entre os aficionados e ganadarias resulta num factor importante, no meio de tantos outros, para provocar uma afición intensa ao toiro bravo num ponto tão pequeno e tão central do Oceano Atlântico.
 
Curiosamente, nós por cá, no blog Toiros & Açores, temos disponibilizado espaços dedicados a várias ganadarias. Naturalmente predominam as açorianas, em particular as da ilha Terceira, pois aguardamos vivamente, pelo momento mais oportuno, para reunir um banco de fotografias das explorações de reses bravas das restantes ilhas.
 
Desde o início da publicação de informação relativa às ganadarias no blog, temos vindo a constatar, através de estatísticas do blog, que esses artigos, têm tido uma adesão exponencial em relação aos restantes por parte das visitas, estando actualmente a dominar os posts mais vistos desta página taurina da internet. Em suma, questionamos. Terá a Ilha Terceira, uma grande afición ao toiro bravo, movida em grande parte pelo animal, em que este, quase se poderia afirmar como um padroeiro para os terceirenses, sem ter em conta, as questões religiosas inerentes ao culto do divino Espirito Santo, ou a paixão das gentes da ilha Terceira pelos bovídeos bravos, é uma consequência de uma relação social, estabelecida com a figura do ganadeiro e sua ganadaria?
 
Entendemos que, a questão formulada, não tenta de modo algum, formular uma resposta, que, caracterize a afición dos terceirenses de modo depreciativo, pois não é esse o nosso objectivo. A questão, simplesmente, tenta trazer ao de cima a reflexão, sobre o nosso modo de vida, e de, como os terceirenses compreendem a cultura taurina.
 

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