Texto e fotografia:
Pedro Correia
A preto e branco, ou a
cores? Porque é que, o vermelho está associado à agressividade do toiro? Focada,
ou menos focada? São estas, e outras questões proferidas por curiosos, quando
abordam o tema da visão do toiro. Independentemente das questões que se possam colocar,
e da qualidade da visibilidade deste animal, o sentido da vista, tem um
importante papel durante a lide. Pois, o movimento dos enganos, detectado pela visão da rês, é um dos
principais estímulos para a resposta do toiro, em forma de investida (Cruz,
1998; Purroy 2002 e Mendes 2012).
Alguns enigmas deste
tema, podem ser fundamentados, através da própria anatomia do animal e de acordo
com a sua condição de herbívoro. Repare-se que, o toiro, é um herbívoro, e por isso, necessita de ter um amplo ângulo de visão. Por norma, os animais com a condição de comedoures da erva, são geralmente presas, necessitando de mecanismos, que ponham em acção, a fuga dos potenciais
predadores, como é o caso da visão. Por isso, os olhos do toiro, estão dispostos lateralmente no crânio,
facultando ao animal ter uma visão lateral, ampla e independente para cada olho
(Mendes, 2012).
A grande separação que
o crânio permite dos dois olhos do toiro, é responsável pela independência de visão
das duas vistas, fazendo com que, este animal tenha dificuldade em ver ao perto, chegando
a ter em frente da sua cabeça, uma zona que não vê, conhecida por zona cega
(Purroy, 2002 e Mendes, 2012). Esta zona cega, foi detectada intuitivamente por
grandes nomes do toureio, tais como, Manolete, Carlos Arruza, entre outros, que
começaram a colocar-se em terrenos do toiro, de modo magistral. Nos dias de
hoje, outros toureiros aproximam-se de forma soberba dos toiros, o que por vezes
resulta num sucesso para a composição das faenas (Cruz, 1998). Segundo Purroy (2002),
o toiro, apenas consegue ter uma visibilidade dianteira, em relação à cabeça,
sensivelmente superior a 1,5 m. Esta capacidade, de o toiro ver para diante,
deve-se à sobreposição das duas vistas, originando um campo de visibilidade binocular, tal como refere Mendes (2012).
De acordo com o referenciado por Purroy (2002), nas circunstancias
de visão muito próxima, geralmente as correspondentes às do ultimo tercio
(tércio de muleta na lide a pé), em que o animal se encontra muito fatigado e
carente de oxigénio, produz-se uma visão muito borrosa, na que se independentiza
totalmente a visão de cada lado, tendo o toiro que eleger, entre as duas imagens
laterais que se formam na retina, ante a tomada de decisão que supõe cada
investida. Aqui,
poderia-se encontrar uma das razões fundamentais, pelo que, na maioria das vezes, os
toureiros se cruzam com o toiro, até ao pitón
(haste) contrario em relação à sua posição, ao mesmo tempo que este lhe oferece
a muleta por uma das partes laterais visuais.
Em suma, estas ideias,
revelam a importância que a visão tem para a vida destes animais como herbívoros,
como influencia na compreensão dos comportamentos do
toiro durante a lide, bem como, as atitudes, dos toureiros, perante as reses
bravas. Numa próxima ocasião, iremos recolher informação de alguns autores, para
expor assuntos sobre a visão do toiro.
Fontes bibliográficas:
·
Cruz, J. S. (1998). El
Toro de Lidia en la Biologia, en la Zootecnia y en la Cultura. 56-60
·
Purroy
, A. U. (2003). Comportamiento del toro de lidia EN EL CAMPO, EN EL RUEDO.
Universidad Publica de Navarra. 27-38.
·
Mendes, L. M. (2012). Particularidades da
visão no toiro I. Novo Burladero, nº280:21
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