segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

?Toiro da Terra?



 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 

Toiro da terra, uma designação sobre um tipo de toiro que se ouve com regularidade no ambiente taurino açoriano e em particular na ilha Terceira. Coloca-se a questão: O que é o toiro da terra? Como o próprio nome indica é um tipo de toiro bravo típico de uma determinada zona geográfica. À semelhança do que ocorre na ilha Terceira esta designação é utilizada em Espanha e em Portugal continental.

 

Em Espanha uma das castas fundadoras do toiro de lide é conhecida por Toro de la Tierra. Esta estirpe é considerada por alguns autores uma população de animais pertencente à casta Jijona e obtém a designação de toiro da terra por ser oriunda de uma região específica, neste caso referente à região centro da Península Ibérica, próximo de Madrid (Cañón & Fernandez, s/d).

 

De acordo com Neves (1992) em Portugal continental, o toiro de casta Portuguesa, ou uma das populações de bovinos que deu origem a esta casta também são usualmente designados por toiro da terra.

 

Nos Açores esta designação pode tomar duas interpretações. Uma refere-se ao gado primitivo da ilha, que de acordo com dados históricos tem origem nos bovinos ibéricos e até ao início do seculo XX eram os mesmos que eram utilizados nos espectáculos taurinos realizados nas ilhas (Bruges, 1915; Bruges, 1997 e Bruges, 2000). A segunda interpretação refere-se ao toiro criado pelos ganadeiros terceirenses desde os inícios do seculo XX, sensivelmente até à década de 70 do mesmo século, em que se baseia no cruzamento de animais de ganadarias portuguesas antigas (ganadarias essencialmente com origens na casta Portuguesa e casta Vasquenha), gado primitivo da ilha e alguns exemplares de casta Vistahermosa (origem espanhola) (Parreira, 1971; Costa, 1999; Lucas, 2006; e Silva, 2011). Esta última origem é aquela que actualmente predomina na maioria das ganadarias mundiais, mas o encaste derivado da casta Vistahermosa que poderá ter influenciado em maior medida as ganadarias açorianas poderá ter sido o de Gamero Cívico, já que foi o que no seculo XX teve maior difusão em Portugal devido às fortes influências da ganadaria Pinto Barreiros sobre as restantes ganadarias portuguesas (Parreira, 1971; Costa, 1999; Lucas, 2006; Mendonça, 2011 e Silva, 2011).

 

 

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Baseado em:

·         Bruges, J. (1915). A Ilha Terceira. Notas sobre a sua Agricultura, Gados e Industrias Anexas. Instituto Superior de Agronomia, Lisboa, 25-99.

·         Bruges, A. (1997). O TOIRO NA ILHA TERCEIRA – BREVE NOTA SOBRE A SUA APARIÇAO E EVOLUÇAO. Festa na Ilha nº 1 p. 6-7, 48pp.

·         Bruges, A. (2000). O TOIRO DA ILHA. Festa na Ilha nº 4 p. 4-6, 60pp.

·         Cañón, J., Fernandez, J. (s/d). Origen y encastes del toro de lidia actual - Análisis Histórico. Capitulo II. in: http://www.ucm.es/info/genetvet/Capitulo_II_ANALISIS_HISTORICO_CASTAS_FUNDACIONALES.pdf. Consulta efectuada a 25 de Outubro de 2012.

·         Costa, G. (1999). A Ganadaria Brava na Ilha Terceira. Revista Festa na Ilha nº 3, 18-22 pp.

·         Lucas, V. (2006) – Ganadarias Portuguesas 2006. Ed. Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, Porto Alto, 30-150 pp.

·         Mendonça, J. F. (2011). Representante da ganadaria Palha. Comunicação pessoal.

·         Neves, F. (1992) O Toiro de Lide em Portugal. Edições Inapa 16-87 pp.

·         Parreira, C. (1971). Livro Genealógico da Ganadaria Castro Parreira.34-76 pp.

·        Silva, I. (2011). Ganadaria da Ilha Terceira – Casa Agrícola José Albino Fernandes. 1ª Edição. 313 pp.


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