Texto e fotografia:
Pedro Correia
Toiro da terra, uma
designação sobre um tipo de toiro que se ouve com regularidade no ambiente
taurino açoriano e em particular na ilha Terceira. Coloca-se a questão: O
que é o toiro da terra? Como o próprio nome indica é um tipo de toiro bravo típico
de uma determinada zona geográfica. À semelhança do que ocorre na ilha Terceira
esta designação é utilizada em Espanha e em Portugal continental.
Em Espanha uma das
castas fundadoras do toiro de lide é conhecida por Toro de la Tierra. Esta estirpe é considerada por alguns autores
uma população de animais pertencente à casta Jijona e obtém a designação de
toiro da terra por ser oriunda de uma região específica, neste caso referente à
região centro da Península Ibérica, próximo de Madrid (Cañón & Fernandez, s/d).
De acordo com Neves
(1992) em Portugal continental, o toiro de casta Portuguesa, ou uma das populações
de bovinos que deu origem a esta casta também são usualmente designados por
toiro da terra.
Nos Açores esta designação
pode tomar duas interpretações. Uma refere-se ao gado primitivo da ilha, que de
acordo com dados históricos tem origem nos bovinos ibéricos e até ao início do
seculo XX eram os mesmos que eram utilizados nos espectáculos taurinos realizados
nas ilhas (Bruges, 1915; Bruges, 1997 e Bruges, 2000). A segunda interpretação refere-se
ao toiro criado pelos ganadeiros terceirenses desde os inícios do seculo XX,
sensivelmente até à década de 70 do mesmo século, em que se baseia no
cruzamento de animais de ganadarias portuguesas antigas (ganadarias essencialmente
com origens na casta Portuguesa e casta Vasquenha), gado primitivo da ilha e
alguns exemplares de casta Vistahermosa (origem espanhola) (Parreira, 1971; Costa,
1999; Lucas, 2006; e Silva, 2011). Esta última origem é aquela que actualmente
predomina na maioria das ganadarias mundiais, mas o encaste derivado da casta
Vistahermosa que poderá ter influenciado em maior medida as ganadarias açorianas
poderá ter sido o de Gamero Cívico, já que foi o que no seculo XX teve maior difusão
em Portugal devido às fortes influências da ganadaria Pinto Barreiros sobre as
restantes ganadarias portuguesas (Parreira, 1971; Costa, 1999; Lucas, 2006;
Mendonça, 2011 e Silva, 2011).
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Baseado em:
·
Bruges, J. (1915). A Ilha Terceira. Notas sobre a
sua Agricultura, Gados e Industrias Anexas. Instituto Superior de Agronomia,
Lisboa, 25-99.
·
Bruges, A. (1997). O TOIRO NA ILHA TERCEIRA –
BREVE NOTA SOBRE A SUA APARIÇAO E EVOLUÇAO. Festa na Ilha nº 1 p. 6-7, 48pp.
·
Bruges, A. (2000). O TOIRO DA ILHA. Festa na Ilha
nº 4 p. 4-6, 60pp.
·
Cañón, J., Fernandez, J. (s/d). Origen y encastes del toro de lidia actual - Análisis Histórico. Capitulo
II. in: http://www.ucm.es/info/genetvet/Capitulo_II_ANALISIS_HISTORICO_CASTAS_FUNDACIONALES.pdf.
Consulta efectuada a 25 de Outubro de 2012.
·
Costa,
G. (1999). A Ganadaria Brava na Ilha Terceira. Revista Festa na Ilha nº 3,
18-22 pp.
·
Lucas,
V. (2006) – Ganadarias Portuguesas 2006. Ed. Associação Portuguesa de Criadores
de Toiros de Lide, Porto Alto, 30-150 pp.
·
Mendonça,
J. F. (2011). Representante da ganadaria Palha. Comunicação pessoal.
·
Neves,
F. (1992) O Toiro de Lide em Portugal. Edições Inapa 16-87 pp.
·
Parreira,
C. (1971). Livro Genealógico da Ganadaria Castro Parreira.34-76 pp.
·
Silva, I. (2011). Ganadaria da Ilha Terceira – Casa
Agrícola José Albino Fernandes. 1ª Edição. 313 pp.
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