Texto e
fotografia: Pedro Correia
De acordo com Cid
(2001), a pelagem salgada, ou cardena
em espanhol, é classificada no grupo das bicolores, por ser uma mistura de
pêlos brancos e pretos, intimamente ligados e irregularmente distribuídos por
todo o corpo, nunca formando manchas de uma só cor. Esta pelagem nos Açores é habitualmente
designada por “Saro”, ou “Sara”, se no feminino. O termo que os açorianos usam para definir esta pelagem (“Saro”) não é identificado junto do dicionário da língua portuguesa,
como observado em DPLP (2013).
Segundo Cid (2001), nos toiros salgados há um embranquecimento progressivo devido à melanina não migrar
ao longo dos pêlos nesta pelagem, acumulando-se na pele dos animais. O processo
de embranquecimento que ocorre com o evoluir da idade, acabando por tornar o
animal branco, aspecto que é muito frequente nos cavalos russos, não é tão evidente
no toiro, que costumam manter o pelo acinzentado por mais velhos que sejam. O
mesmo autor refere que raramente os pêlos podem apresentar as duas cores, no entanto, quando ocorre este fenómeno, a base do filamento piloso é preta, indo esbranquiçando progressivamente até à
ponta.
Existem três variedades
de salgado: o escuro, em que predominam pelos negros; o salgado em que pelos
brancos e negros estão em igual proporção; e o claro em que há uma
predominância de pêlos brancos (Cid, 2001).
Esta pelagem é
extremamente frequente em exemplares de encaste Saltillo, Santa Coloma e seus derivados
(mais em Albaserrada e Buendia, menos em Coquilla e Graciliano Pérez Tabernero),
bem como, em Pablo Romero, ou no português de Norberto Pedroso. Surge com menor
incidência, se bem com alguma frequência em Miura, Concha y Sierra, Araúz de Robles, Vega Villar
(malhados em salgado), ou incluso nos Veraguas de outros tempos. Com menor frequência
surge em Gamero Cívico, Tamarón ou Atanasio Fernandez (Montesinos, 2002).
Nos Açores, esta pelagem era muito
frequente na antiga e conceituada ganadaria da ilha Terceira de Castro Parreira, assim o demonstram fotografias da
época e os registos em Parreira (1971). Esse tipo de animal era frequente em outras
ganadarias terceirenses dos meados do século XX, muito influenciadas pela
antiga e famosa ganadaria portuguesa de Emílio Infante da Câmara. Nomes
como Tomáz Mesquita e Borba e José Dinis Fernandes foram alvos dessas
influências dos “antigos Infantes”, por dados genealógicos apontados por Morais (1992),
Costa (1999) e (Lucas 2006). Esse legado foi deixado por estes antigos
ganadeiros aos actuais criadores de bravo da Região Autónoma dos Açores em
geral, como o demonstra esta séria e imponente vaca brava em salgado claro da
ganadaria de Álvaro Amarante, na ilha de São Jorge
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Baseado em:
·
Cid, P. (2001). O Exterior dos Bovinos das Raças
Autóctones. Edições Garrido, 123 pp.
·
Costa, G. (1999). A Ganadaria Brava na Ilha Terceira.
Revista Festa na Ilha nº 3, 18-22 pp.
·
Lucas, V. (2006) – Ganadarias Portuguesas 2006. Ed.
Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, Porto Alto, 30-150 pp.
·
Montesinos, A. (2002). Prototipos
Raciales del Toro de Lidia . Ed. Ministerio de Agricultura, Pesca y Alimentación,
Madrid.45-90 pp
·
Morais, A. M. (1992). A Praça de Toiros de Lisboa –
Campo Pequeno. Fnac, 500-700 pp.
·
Parreira, C. (1971). Livro Genealógico da Ganadaria
Castro Parreira.34-76 pp.
·
“Saro”. (linha 7) In: Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa, 2013, http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=saro.
(Consultado em 17-01-2013).
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