terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Inteligência do Toiro





Texto e fotografia: Pedro Correia




O toiro mesmo tendo pequena capacidade inteletual, possui uma grande memória vivencial e retentiva que marca constantemente o seu comportamento. Exemplo claro desse aspeto são as querenças. A inteligência do toiro, ou o sentido que as reses bravas adquirem pode ser influenciada em grande medida pelas suas vivências, desgaste físico, ou até a sua idade. No entanto, pode haver questões genéticas envolventes como se pode observar no estudo das caraterísticas de cada encaste da raça Brava de Lide (Montesinos, 2002 e Purroy, 2002).





Há reses que aprendem rapidamente, mostrando-se poucas colaboradoras para a prática do toureio, contudo demonstrando sempre perigo eminente, e por vezes imprevisibilidade inquietante, tal como ocorre em encastes que maioritariamente derivam das Castas Navarra, Jijona ou Toros de la Tierra, Cabrera ou Vasquenha. Exemplo disso são Miura, Veragua, Concha y Sierra, Pablo Romero ou Araúz de Robles. Outros encastes derivados do cruzamento de várias castas fundadoras, tais como Vega Villar ou Hidalgo Barquero, também tomam sentido com alguma facilidade (Montesinos, 2002).





A Casta Vistahermosa é a que apresenta os encastes que desenvolvem sentido mais tardiamente, contudo alguns deles são conhecidos por rapidamente se aperceberem de onde estão e aprendizagem rápida. Destacam-se neste grupo encastes como o de Saltillo e seus derivados (Santa Coloma – Buendia, Albaserrada, Graciliano Pérez Tabernero, Coquilla). O mesmo ocorre com o encaste de Cuadri, talvez por ter influência de Santa Coloma na sua origem. Por sua vez, o encaste Murube, bem como o tronco originário a partir de Ibarra-Parladé (Gamero Cívico, Tamarón, Atanasio Fernandez, Conde de la Corte, Pedrajas, Domecq, Torrestrella, Núñez) poderão ser considerados os encastes que tem tendência a desenvolver sentido mais tardiamente (Montesinos, 2002 e Purroy, 2002).





Segundo Neves (1992), o toiro de Casta Portuguesa é caraterizado por um comportamento temperamental espectacular que torna as lides emocionantes. De acordo com o mesmo autor, estes animais também podem estar dotados de um ganho de sentido com alguma facilidade. 


Na Ilha Terceira o antigo ganadeiro José Dinis Fernandes citado por Silva (2011), afirma que o toiro na tourada à corda deve ser áspero e ter algum sentido, pois a nobreza excessiva promove um esgotamento físico dos animais sobre um meio tão duro, como é apanágio do ambiente dos festejos populares, como é o da tourada à corda. Por isso, o rápido desenvolvimento de sentido, pode ser uma caraterística associada aos produtos oriundos de vacadas que tem origem nas ganadarias antigas e já extintas da ilha Terceira (Castro Parreira, José Dinis Fernandes, Tomás Mesquita e Borba, Corvelos, etc.).





Contudo na tourada à corda, existem muitos animais a participar com idades avançadas e por acumulação de situações vividas convertem-se em animais mais reservados e desconfiados, que apenas arrancam-se quando sabem que tem a preza ao seu alcance, tal como refere Purroy (2002), aspeto este que ocorre com alguma frequência nos Açores devido às caraterísticas inerentes às touradas à corda e criação de gado bravo na região.





Bibliografia:



  • Montesinos, A. (2002). Prototipos Raciales del Toro de Lidia . Ed. Ministerio de Agricultura, Pesca y Alimentación, Madrid.45-90 pp
  • Neves, F. (1992) O Toiro de Lide em Portugal. Edições Inapa 16-87 pp.
  • Purroy, A. U. (2003). Comportamiento del toro de lidia EN EL CAMPO, EN EL RUEDO. Universidadd Publica de Navarra. 21-24.
  • Silva, I. (2011). Ganadaria da Ilha Terceira – Casa Agrícola José Albino Fernanades. 1ª Edição.
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Um comentário:

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