Texto
e fotografia: Pedro Correia
É
comum ouvir falar na célebre expressão ganadeira portuguesa “…a ganadaria Pinto
Barreiras é a mãe das ganadarias portuguesas…”. A usança desta expressão, que
caracteriza a importância da ganadaria lusa de Pinto Barreiros, deve-se ao
facto desta importante divisa contribuir na estruturação de grande parte das
ganadarias portuguesas, tal como se pode constatar através de notas genealógicas
dos livros de associações de ganadarias bravas portuguesas e espanholas (Lucas,
2006 e UCTL, 2011).
No
entanto, as influências de Pinto Barreiros não se limitam a esta importante
divisa lusa, já que houve ganadarias portuguesas que tiveram um papel
importante na difusão do sangue Pinto Barreiros em Portugal, nomeadamente
Oliveira Irmãos e Dr. António Silva (López del Ramo, 1991; López del Ramo 2002;
Lucas, 2006 e UCTL, 2011). A grande fama obtida pela qualidade dos toiros
destas ganadarias (Pinto Barreiros, Oliveira irmãos e António Silva) em praças
lusas e espanholas foram determinantes para um aumento substancial da procura de
reprodutores destas divisas. Exemplo claro deste furor foi o caso da ganadaria
António Silva, que em duas corridas, com 15 toiros lidados, conseguiu vender o
número impressionante de 11 sementais para importantes ganadarias portuguesas,
tal como refere Burladero (2012)
A dispersão
de Pinto Barreiros não se limitou a Portugal continental, e desde meados do século
XX chegaram reprodutores desse sangue até aos Açores, por intermédio de várias
ganadarias portuguesas, tais como, José Pedrosa, Ribeiro Telles, Rio Frio, Brito
Paes e Oliveira irmãos (ARCTTC, 2006 e Lucas, 2006). No entanto, das duas
grandes difusoras, Oliveira irmãos e António Silva, apenas a primeira influiu directamente
na região insular portuguesa das 9 ilhas, segundo Silva (2011), pelas mãos do
antigo ganadeiro da ilha Terceira José Dinis Fernandes, e por Rego Botelho em 1989,
de acordo com Lucas (2006). Prova viva das influências de Oliveira Irmãos nos
Açores, é este semental com ferro da famosa divisa de Portugal peninsular, que
pasta na ganadaria terceirense de Duarte Pires.
Segundo
Pimpão (2012), recentemente o “sangue” de Pinto Barreiros voltou a afectar as
ganadarias terceirenses, nomeadamente a de Francisco Sousa, por intermédio de
uma compra de vacas e semental do Engº Ruy Gonçalves (Encaste Gamero Cívico –
Pinto Barreiros X Encaste Atanásio Fernandez), assim como um reprodutor da
ganadaria lusa de São Torcato.
Para
López del Ramo (1991) e López del Ramo (2002), o toiro de Pinto Barreiros, tem
um protótipo próprio, com tendência a ser um animal mais fino, pequeno, cómodo
de hastes e de maior nobreza, em relação ao seu encaste ancestral, o de Gamero
Cívico, assim como, as restantes linhas derivadas deste importante encaste - Domingo
Ortega, Clairac, Guardiola Soto e Samuel Flores. Tendo em conta a importância que
a linha de Pinto Barreiros tem em Portugal, quer pelas considerações apontadas neste
artigo, e pelas fortes influências que ocorrem de Domecq e Murube em Portugal
no presente, poderiam ser avaliadas na profundidade as condições para
determinar esta linha constituída no país luso como um encaste, que tem interesse
de protecção.
Bibliografia:
- Associação Criadores Regional Toiros para a Tourada à Corda, A.R.C.T.T.C. (2006). Ganadarias. In: http://www.toiroscorda.com/antigo/index.php?op=ganadarias. Consulta efectuada a 4 de Outubro de 2010.
- Burladero, N. (2012). Duas corridas memoráveis da ganadaria do Dr. António Silva de 15 toiros lidados, venderam-se 11 para sementais! Novo Burladero, nº284:38-39.
- Lucas, V. (2006) – Ganadarias Portuguesas 2006. Ed. Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, Porto Alto, 30-150 pp.
- López del Ramo, J. (2002). Las Claves del Toro. Espassa Calpe. 208-227 pp.
- López del Ramo, J. (1991). Por las Rutas del Toro. Espassa-Calpe. 367-404 pp.
- Pimpão, J. H. (2012). De Toiros - GANADARIA F.S. (CADELINHA) ADQUIRIU VINTE VACAS DE VENTRE E DOIS SEMENTAIS. Diário Insular, 17 de Outubro.
- Silva, I. (2011). Ganadaria da Ilha Terceira – Casa Agrícola José Albino Fernandes. 1ª Edição. 313 pp.
- U.C.T.L. (2011). Union de Criadores de Toros de Lidia – Temporada 2011.
Qual a ganaderia?
ResponderExcluir