Texto e fotografia: Pedro Correia
Carregada as silagens, fenos, palhas, e ou sacas de concentrados, ou até
mesmo tanques de água na caixa da carrinha, ou atrelados dos tractores é hora
de ir às pastagens, e ou parques da ganadaria tratar do gado. Já dentro das
cercas que não têm manjedouras ou gamelas, os taipais das trelas são descidos,
e engatado o veículo na primeira da caixa de velocidades, a máquina começa a deslizar em terra de bravos. De gadanha ou garfo
em punho, o pastor começa a despejar a erva fenada ou ensilada pela pastagem.
Durante o descarregar do alimento, o pastor astuto mede o compasso para não
haver sobrecarga de animais sobre o comer, escolhe os lugares mais secos e
de melhor asseio, sempre fora do alcance da roda dos veículos motorizados de
trabalho. Para fazer “render o peixe”, em simultâneo vai contando os animais na
cerca, certificando-se que estão todos as reses na pastagem e se estão em
estado sadio. Estarão todas as cercas e portais nas devidas condições? Há
pastagem disponível para os animais? Há necessidade de tratar algum animal com
cuidados veterinários? Há água para abeberamento em condições para os animais?
Num espaço de minutos esta rotina é a acção do pastor cuidadoso.
Nas vacadas onde as fêmeas estão prestes a ser mães ou estão paridas de
fresco, o pastor ainda tem astucia para aperceber-se rapidamente das que estão
para parir para breve, ou daquelas que pariram recentemente e localizar o vitelo
recém-nascido para colocar o brinco, isto se possível. Tudo isto, algumas vezes
solitário na pastagem sem ninguém por perto e com o relógio circadiano a correr
contra o tempo, sempre com o cuidado de não ser colhido por uma rês mais atrevida, ou em
fuga de um encosto de outro “bravo de mau humor”.
Afinal! Trabalhar no campo não é para qualquer um, e requer um conhecimento e sensibilidade,
que na maioria das vezes está para além do conhecimento dado nas academias.
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