Texto e fotografia: Pedro Correia
Os cavaleiros entram nas arenas, montados com os seus cavalos
engalanados, e em punho transportam as armas que os identificam enquanto
gladiadores. Com o seu traje de cavaleiro português e seus cavalos, enfrentam o
toiro, recortando o bravo animal com vistosa subtileza. Com toques artísticos a
rês fica colocada em sorte, e no sentido oposto o cavaleiro coloca-se citando
em voz alta: - TOIRO! TOIRO! TOIRO!
Um contra o outro, cavalo e toiro arrancam para o embate,
e, antes da colhida eminente, o cavaleiro comanda o cavalo para-se desviar da
investida impetuosa do bovino, criando um vazio do lado direito da montada. O
braço do cavaleiro, bem lá no alto desce com impacto para cravar o ferro. A
farpa entra no topo do animal, e como se diz em gíria taurina: “Ficou en su sitio”, e uma explosão de euforia
rebenta nas bancadas do redondel.
Tranquilo e sereno, ciente de que a sorte ainda não
acabou, o cavaleiro continua a sua luta, acolhendo o recarregar da brava
investida do toiro, que persegue o cavalo na ânsia de colher. Astucia, técnica
e valor, fazem com que o cavaleiro com a sua montada se dobrem para o lado
direito como se fossem um só, e numa série de voltas rematam a sorte de forma estrondosa
e o público enlouquece com a recriação airosa do artista.
O cavaleiro vitorioso do confronto com a rês brava deixa
a colocada, saindo vitorioso de uma pequena batalha. Eufórico pelo acto
conseguido, vem às trincheiras receber o agradecimento das assistências que
retribui com calorosas ovações. Rapidamente os ânimos acalmam, e o cavaleiro
apercebe-se que apenas venceu uma batalha mas a guerra não está ganha. A
racionalidade volta ao espírito do marialva depois de um fervor de emoções.
Agarra o novo ferro, olha o toiro e em pensamento de mágico visualiza a colocação
e a sorte seguinte para que no fim da lide pode sair com triunfo rotundo da
arena.
Por momento acordamos para a realidade e apercebemo-nos
que tudo não passou de um mero sonho carregado de arte e galhardia. Finalmente
pensamos: Porque é que quando há toiros em condições nas arenas, as coisas não correm
sempre assim?
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