sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Lide a Cavalo de Sonho




 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 

Os cavaleiros entram nas arenas, montados com os seus cavalos engalanados, e em punho transportam as armas que os identificam enquanto gladiadores. Com o seu traje de cavaleiro português e seus cavalos, enfrentam o toiro, recortando o bravo animal com vistosa subtileza. Com toques artísticos a rês fica colocada em sorte, e no sentido oposto o cavaleiro coloca-se citando em voz alta: - TOIRO! TOIRO! TOIRO!

 

 

Um contra o outro, cavalo e toiro arrancam para o embate, e, antes da colhida eminente, o cavaleiro comanda o cavalo para-se desviar da investida impetuosa do bovino, criando um vazio do lado direito da montada. O braço do cavaleiro, bem lá no alto desce com impacto para cravar o ferro. A farpa entra no topo do animal, e como se diz em gíria taurina: “Ficou en su sitio”, e uma explosão de euforia rebenta nas bancadas do redondel.

 

 

Tranquilo e sereno, ciente de que a sorte ainda não acabou, o cavaleiro continua a sua luta, acolhendo o recarregar da brava investida do toiro, que persegue o cavalo na ânsia de colher. Astucia, técnica e valor, fazem com que o cavaleiro com a sua montada se dobrem para o lado direito como se fossem um só, e numa série de voltas rematam a sorte de forma estrondosa e o público enlouquece com a recriação airosa do artista.

 

 

O cavaleiro vitorioso do confronto com a rês brava deixa a colocada, saindo vitorioso de uma pequena batalha. Eufórico pelo acto conseguido, vem às trincheiras receber o agradecimento das assistências que retribui com calorosas ovações. Rapidamente os ânimos acalmam, e o cavaleiro apercebe-se que apenas venceu uma batalha mas a guerra não está ganha. A racionalidade volta ao espírito do marialva depois de um fervor de emoções. Agarra o novo ferro, olha o toiro e em pensamento de mágico visualiza a colocação e a sorte seguinte para que no fim da lide pode sair com triunfo rotundo da arena.

 

 

Por momento acordamos para a realidade e apercebemo-nos que tudo não passou de um mero sonho carregado de arte e galhardia. Finalmente pensamos: Porque é que quando há toiros em condições nas arenas, as coisas não correm sempre assim?

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