domingo, 27 de janeiro de 2013

Humilhar






Texto e fotografia: Pedro Correia




No dicionário português, humilhar pode ser entendido como rebaixar ou vexar, ou tratar desdenhosamente. Contudo a mesma palavra pode ser utilizada como, tornar humilde, ou mostrar humildade, submeter-se, render-se ou prostrar-se (DPLP, 2013).






Na tauromaquia, o termo humilhar é frequentemente utilizado para determinar uma característica das reses bravas, actualmente, considerada fundamental para a prática do toureio. O emprego do termo humilhar como importante característica no gado bravo, não é utilizado com qualquer tipo de sentido de rebaixar o animal, mas sim com a capacidade de toiro ou vaca brava se submeterem a um estímulo, reagindo curvando o pescoço durante a sua investida, potenciado assim uma eventual colhida, sobre o que os provoca.






Observar se o animal humilha ou não, se o faz, muito ou pouco, é uma tarefa mais evidente quando o animal é citado com o capote ou muleta. Quanto mais o toureiro baixar a mão, mais a rês brava é obrigada a curvar o pescoço, com o intuito de tentar colher o engano.






Humilhar é uma característica que está estritamente relacionada com características morfológicas e sua funcionalidade, tais como a relação existente entre o comprimento de pescoço da rês e a altura ao garrote. Encastes (linhas que compõe a raça brava de lide) como Albaserrada ou Santa Coloma, dotados de pescoços compridos, são bem conhecidos pela sua inata capacidade de humilhar, já outros, como o de Pablo Romero, tem por hábito investirem a meia altura, pelo seu pescoço ser mais curto (Montesinos, 2002).






Embora humilhar tenha uma grande conectividade com a fisionomia dos animais, também há uma grande carga comportamental inerente a esta característica, como refere Fernandez citado por Purroy (2002). Ou seja, há animais que podem não apresentar grandes capacidades físicas para uma grande agilidade do pescoço, mas conseguem ter, podendo também ocorrer o inverso (animais com pescoço comprido e não humilhar, ou humilhar pouco).






Actualmente dá-se um grande valor aos toiros que humilhem muito nas lides em praça. Contudo, é importante haver animais que não tenham essa característica tão evidenciada, promovendo assim, maiores capacidades de adaptação e lidadoras por parte dos toureiros, aumento da diversidade de formas de toureio, e sustento da diversidade genética de famílias, linhas ou encastes existentes pelas várias ganadarias do globo (Montesinos, 2002 e Cañón et al., 2008).






Pelas condições impostas no toureio a cavalo, é difícil ver as capacidades dos toiros humilharem quando investem para os cavalos. No entanto, esta característica muito importante, que pode facilitar ou dificultar a actuação dos forcados, é muito observada na investida das reses aos capotes dos peões de brega, ao longo da lide.






Nas touradas à corda, humilhar é um caracter que pode ter menor grau de importância em relação aos toiros lidados em praça, devido às características de festejo popular desta manifestação, e ou, devido às condições dos pisos de asfalto, que associadas a uma grande capacidade de humilhar, podem ser propicias a um grande desequilíbrio dos animais, provocando quedas violentas. Todavia, há ganadeiros e aficionados que gostam de ver os toiros a humilhar nas touradas à corda, quando investem aos capinhas, característica que neste contexto é mais fácil observar, quando os toiros investem a uma manta ou guarda-sol.




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Baseado em:



Cañón, J; Tupac-Yupanqui, I; García-Atance, M. A; Cortés, O; Garcia, D; Fernández, J; Dunner S. (2008). Genetic variation within the Lidia bovine breed. International Society for Animal Genetics, Animal Genetics, 39, 439–445 doi:10.1111/j.1365-2052.2008.01738.x
“Humilhar”. (linha 7) In: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2013, http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=humilhar. (Consultado em 26-01-2013).
Montesinos, A. (2002). Prototipos Raciales del Toro de Lidia . Ed. Ministerio de Agricultura, Pesca y Alimentación, Madrid.45-90 pp

Purroy , A. U. (2003). Comportamiento del toro de lidia EN EL CAMPO, EN EL RUEDO. Universidadd Publica de Navarra. 21-24.

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