Texto e fotografia: Pedro Correia
No dicionário português, humilhar pode ser
entendido como rebaixar ou vexar, ou tratar desdenhosamente. Contudo a mesma
palavra pode ser utilizada como, tornar humilde, ou mostrar humildade,
submeter-se, render-se ou prostrar-se (DPLP, 2013).
Na tauromaquia, o termo humilhar é frequentemente utilizado
para determinar uma característica das reses bravas, actualmente, considerada
fundamental para a prática do toureio. O emprego do termo humilhar como importante
característica no gado bravo, não é utilizado com qualquer tipo de sentido de
rebaixar o animal, mas sim com a capacidade de toiro ou vaca brava se
submeterem a um estímulo, reagindo curvando o pescoço durante a sua investida,
potenciado assim uma eventual colhida, sobre o que os provoca.
Observar se o animal humilha ou não, se o faz,
muito ou pouco, é uma tarefa mais evidente quando o animal é citado com o
capote ou muleta. Quanto mais o toureiro baixar a mão, mais a rês brava é obrigada
a curvar o pescoço, com o intuito de tentar colher o engano.
Humilhar é uma característica que está estritamente
relacionada com características morfológicas e sua funcionalidade, tais como a relação
existente entre o comprimento de pescoço da rês e a altura ao garrote. Encastes
(linhas que compõe a raça brava de lide) como Albaserrada ou Santa Coloma, dotados de pescoços compridos,
são bem conhecidos pela sua inata capacidade de humilhar, já outros, como o de Pablo Romero, tem por hábito investirem a meia altura, pelo seu pescoço
ser mais curto (Montesinos, 2002).
Embora humilhar tenha uma grande conectividade com
a fisionomia dos animais, também há uma grande carga comportamental inerente a
esta característica, como refere Fernandez citado por Purroy (2002). Ou seja,
há animais que podem não apresentar grandes capacidades físicas para uma grande
agilidade do pescoço, mas conseguem ter, podendo também ocorrer o inverso
(animais com pescoço comprido e não humilhar, ou humilhar pouco).
Actualmente dá-se um grande valor aos toiros que
humilhem muito nas lides em praça. Contudo, é importante haver animais que não tenham
essa característica tão evidenciada, promovendo assim, maiores capacidades de adaptação
e lidadoras por parte dos toureiros, aumento da diversidade de formas de
toureio, e sustento da diversidade genética de famílias, linhas ou encastes
existentes pelas várias ganadarias do globo (Montesinos, 2002 e Cañón et al., 2008).
Pelas condições impostas no toureio a cavalo, é difícil
ver as capacidades dos toiros humilharem quando investem para os cavalos. No entanto,
esta característica muito importante, que pode facilitar ou dificultar a actuação
dos forcados, é muito observada na investida das reses aos capotes dos peões de
brega, ao longo da lide.
Nas touradas à corda, humilhar é um caracter que
pode ter menor grau de importância em relação aos toiros lidados em praça,
devido às características de festejo popular desta manifestação, e ou, devido
às condições dos pisos de asfalto, que associadas a uma grande capacidade de
humilhar, podem ser propicias a um grande desequilíbrio dos animais, provocando
quedas violentas. Todavia, há ganadeiros e aficionados que gostam de ver os
toiros a humilhar nas touradas à corda, quando investem aos capinhas, característica
que neste contexto é mais fácil observar, quando os toiros investem a uma manta
ou guarda-sol.
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Baseado
em:
Cañón, J; Tupac-Yupanqui,
I; García-Atance, M. A; Cortés, O; Garcia, D; Fernández, J; Dunner S. (2008). Genetic variation within the Lidia bovine breed.
International Society for Animal Genetics, Animal Genetics, 39, 439–445
doi:10.1111/j.1365-2052.2008.01738.x
“Humilhar”. (linha 7) In: Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa, 2013, http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=humilhar. (Consultado em 26-01-2013).
Montesinos, A. (2002). Prototipos Raciales del Toro de Lidia . Ed.
Ministerio de Agricultura, Pesca y Alimentación, Madrid.45-90 pp
Purroy , A. U. (2003). Comportamiento del toro de lidia EN EL CAMPO,
EN EL RUEDO. Universidadd Publica de Navarra. 21-24.
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