Texto e fotografia:
Pedro Correia
A bravura do toiro bravo é um tema envolto de
discussão e alguma especulação interiorizada nas discussões de aficionados. Em
grande medida debates que resultam devido a uma disparidade de opiniões e conceitos
que o próprio termo bravura pode abranger.
Quando passamos os olhos por um dicionário, e
procuramos o termo bravura, damo-nos conta que o número de significados que
esta palavra pode ter, sendo o suficiente para gerar e alargar discussões
envoltas ao toiro de bravo e discordâncias sobre os comportamentos dos
distintos animais. No entanto, quem conhece a evolução do toiro bravo e da sua
selecção percebe que há alguma uniformidade de conceitos no meio de tamanha subjetividade.
Para interiorizarmos o assunto é necessário ter em
conta que a selecção do toiro de lide tem sido direcionada desde os seus
primórdios até à atualidade partindo do pressuposto que bravura é sinónimo das
reses bravas que lutam destemidamente, sem medo e de forma valente ou corajosa
até ao final de uma luta. Por este motivo a selecção vai direcionada a ter
animais mais combativos em comparação à agressividade que é natural na espécie
bovina.
Por outro lado, a evolução do toureio e por sua vez
a da tauromaquia criou outras imposições sobre a seleção das reses bravas,
procurando-se para além de animais combativos, exemplares que tivessem
condições de lide de acordo com as regras básicas do toureio (parar, templar e mandar) fomentadas
por Joselito El Gallo e Juan Belmonte
na época dourada do toureio.
Sendo assim, poderíamos então distinguir dois tipos
de bravura na raça brava de lide:
- · O primeiro tipo destina-se a definir toiros bravos apenas pela sua combatividade, independentemente de terem ou não condições de lide de acordo com os pressupostos do toureio moderno. Ou seja, neste caso admite-se que bravura identifica apenas uma característica do toiro de lide, que é definida pela capacidade de acometer ou combater dos animais, sendo este o caracter comportamental que mais distingue a raça brava das restantes e cujo método mais fiável para a sua medição é a sorte de varas.
- · O segundo tipo envolve um maior grau de complexidade, já que refere-se a um conjunto de características, nas quais a acometividade ou combatividade está inserida e que pode estar relacionado com o festejo para o qual a sua selecção foi direccionada. Ou seja, no caso das corridas de toiros o toiro pode ser admitido como bravo se para além de ter combatividade conseguir ter uma investida humilhada, com recorrido nobreza, entre outros caracteres, que permitam o animal ter condições de lide. Mas o toiro também pode ser admitido como bravo se resistir às adversidades que criam diferentes festejos taurinos de natureza popular, caso a sua selecção seja direccionada para essas vertentes taurinas, em que geralmente são muito apreciados caracteres como a mobilidade, a fiereza, a duração ou resistência, a força etc..
Sintetizando, bravura pode ser um caracter que está
unicamente relacionado com a capacidade de lutar até ao fim de um espectáculo,
mas também pode ser considerado um conjunto complexo de várias características
como define Domecq (2009) na terminologia de Bravura Integral.
Bibliografia:
- Domecq, J. P. (2009). Del Toreo a la Bravura. Alianza. Madrid. 23-140pp.
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