quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Pelos Meandros da Ganadaria Brava - Castro Parreira


 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 

Que aficionado na ilha Terceira nunca ouviu falar em Parreira!? Parece mentira, mas parece que este nome ficou registado de tal forma na ilha Terceira que não faz esquecer os feitos de uma ganadaria brava emblemática do século passado e que se extinguiu nos princípios da década de 60. Muitos aficionados dizem que, José de Castro Parreira Coelho, fundador da ganadaria,  foi o ganadeiro que começou a fazer tentas para a selecção de reprodutores, e que constituiu a melhor casa de bravo já vista na ilha Terceira.

 

 

Segundo consta em Morais (1992), a ganadaria Castro Parreira foi fundada em 1936, e a 1 de Setembro de 1941 correu pela primeira vez na Praça de Toiros de São João. Era com a divisa verde e branca que os toiros CP saiam à arena, e eram caracterizados pela sua apresentação e bom jogo.

 

 

Toiros famosos com o Mercador, mais conhecido por Descornado no meio dos aficionados, tinham a sua génese essencialmente na ganadaria Emílio Infante da Câmara, muito provavelmente da primeira linha do prestigiado ferro EIC, que era Casta Portuguesa. Este raciocínio porque já havia o hábito adquirir toiros deste ferro para outros criadores de gado bravo da ilha; na época decorria uma mudança de tipo de toiro na ganadaria Emílio Infante ( de Casta Portuguesa para Tamarón X Campos Varela), e observando imagens do passado, o tipo dos animais de Castro Parreira não se adequam ao que era o novo tipo de toiro de EIC, mas sim aos exemplares de Casta Portuguesa. No entanto, foi ao criador terceirense João Barcelos, que o ganadeiro José Parreira comprou as suas primeiras reses bravas (Morais, 1992 e Costa 1999).

 

 

Segundo Morais (1992) e Costa (1999), para além de Emílio Infante da Câmara, a ganadaria Castro Parreira adquiriu vacas ao ganadeiro Francisco da Silva Vitorino, vacas e um semental ao ganadeiro Francisco Santos Alfaiato. Apenas na década de 60 é que foi introduzido um toiro Palha (encaste Pinto Barreiros) na ganadaria Castro Parreira, e que muitos dizem ser o responsável pela fixação da característica dos toiros raiados nos Açores. Além do mais, José Castro Parreira foi ainda sócio de outro ganadeiro do passado, Tomaz de Mesquita e Borba, cujas origens da sua ganadaria eram idênticas às de CP.

 

Embora que grande parte da ganadaria tenha sido vendida para a Casa Agrícola José Albino Fernandes e Álvaro Inácio Gomes, outras ganadarias actuais beberam incansavelmente dessa fonte. Nomeadamente Rego Botelho, e Ezequiel Rodrigues. Além do mais, outras ganadarias levam no seu sangue ascendência da ganadaria Parreira, devido às suas fortes proveniências em Álvaro Inácio Gomes, como é o caso de Eliseu Gomes; Casa Agrícola José Albino Fernandes, sendo os casos mais evidentes Humberto Filipe e Álvaro Amarante em São Jorge; e Rego Botelho, pela forma como influenciou a formação da ganadaria de João Quinteiro. Assim sendo, Castro Parreira poderá ser considerada uma ganadaria mãe das açorianas actuais, e por isso permanece no conhecimento da afición com grande força.

 

 

Bibliografia:

Costa, G. (1999). A Ganadaria Brava na Ilha Terceira. Revista Festa na Ilha nº 3, 18-22.

Morais, A. M. (1992). A Praça de Toiros de Lisboa – Campo Pequeno. Fnac, 500-700 pp.

 

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