Texto e fotografia: Pedro Correia
Que aficionado na ilha Terceira nunca ouviu falar em
Parreira!? Parece mentira, mas parece que este nome ficou registado de tal forma
na ilha Terceira que não faz esquecer os feitos de uma ganadaria brava emblemática
do século passado e que se extinguiu nos princípios da década de 60. Muitos
aficionados dizem que, José de Castro Parreira Coelho, fundador da ganadaria, foi o ganadeiro que começou a fazer tentas para a selecção de reprodutores, e que constituiu
a melhor casa de bravo já vista na ilha Terceira.
Segundo consta em Morais (1992), a ganadaria Castro
Parreira foi fundada em 1936, e a 1 de Setembro de 1941 correu pela primeira
vez na Praça de Toiros de São João. Era com a divisa verde e branca que os
toiros CP saiam à arena, e eram caracterizados pela sua apresentação e bom jogo.
Toiros famosos com o Mercador, mais conhecido por Descornado
no meio dos aficionados, tinham a sua génese essencialmente na
ganadaria Emílio Infante da Câmara, muito provavelmente da primeira linha do
prestigiado ferro EIC, que era Casta Portuguesa. Este raciocínio porque já
havia o hábito adquirir toiros deste ferro para outros criadores de gado bravo
da ilha; na época decorria uma mudança de tipo de toiro na ganadaria Emílio
Infante ( de Casta Portuguesa para Tamarón X Campos Varela), e observando imagens do passado, o tipo dos animais de Castro Parreira
não se adequam ao que era o novo tipo de toiro de EIC, mas sim aos exemplares de Casta Portuguesa. No entanto, foi ao
criador terceirense João Barcelos, que o ganadeiro José Parreira comprou as suas
primeiras reses bravas (Morais, 1992 e Costa 1999).
Segundo Morais (1992) e Costa (1999), para além de Emílio
Infante da Câmara, a ganadaria Castro Parreira adquiriu vacas ao ganadeiro
Francisco da Silva Vitorino, vacas e um semental ao ganadeiro Francisco Santos Alfaiato. Apenas na década de 60 é que foi
introduzido um toiro Palha (encaste Pinto Barreiros) na ganadaria Castro
Parreira, e que muitos dizem ser o responsável pela fixação da característica dos
toiros raiados nos Açores. Além do mais, José Castro Parreira foi ainda sócio
de outro ganadeiro do passado, Tomaz de Mesquita e Borba, cujas origens da sua ganadaria eram idênticas às de CP.
Embora que grande parte da ganadaria tenha sido vendida
para a Casa Agrícola José Albino Fernandes e Álvaro Inácio Gomes, outras
ganadarias actuais beberam incansavelmente dessa fonte. Nomeadamente Rego
Botelho, e Ezequiel Rodrigues. Além do mais, outras ganadarias levam no seu
sangue ascendência da ganadaria Parreira, devido às suas fortes proveniências em
Álvaro Inácio Gomes, como é o caso de Eliseu Gomes; Casa Agrícola José Albino
Fernandes, sendo os casos mais evidentes Humberto Filipe e Álvaro Amarante em
São Jorge; e Rego Botelho, pela forma como influenciou a formação da ganadaria
de João Quinteiro. Assim sendo, Castro Parreira poderá ser considerada uma ganadaria
mãe das açorianas actuais, e por isso permanece no conhecimento da afición com
grande força.
Bibliografia:
Costa, G. (1999). A Ganadaria Brava na Ilha Terceira. Revista
Festa na Ilha nº 3, 18-22.
Morais, A. M. (1992). A Praça de Toiros de Lisboa – Campo
Pequeno. Fnac, 500-700 pp.
Nenhum comentário:
Postar um comentário