terça-feira, 30 de abril de 2013

Destaques de Março

Por: Administração de Toiros & Açores
Fotografias: Pedro Correia
 
Depois da exposição do portfolio de Março de Toiros & Açores, recebemos um total de 19 votos, em que a fotografia mais votada recebeu três votos, seguindo-se três imagens com dois votos.
 
A foto mais destacada foi a de 11 de Março. Um olho e a haste de uma vaca de chocalho raiada da ganadaria Rego Botelho.
 
 
Em segundo plano, destacaram-se as fotografias dos dias 7, 12 e 17 de Fevereiro.
 
Dia 7 de Fevereiro – O arranque de um toiro de Rego Botelho para o guarda-sol de um capinha.
 
 
Dia 12 de Fevereiro – Uma fotografia de um passe a corpo limpo, ao toiro 233 da ganadaria de José Albino Fernandes, em exposição mais longa provocou uma interessante parecida com uma pintura, com o misto de cores típico das touradas à corda.
 
 
Dia 17 de Fevereiro – Um passe a corpo limpo do capinha “Chico Bichoca”, olhando a cara do toiro da ganadaria José Albino Fernandes em São Carlos.




O Toiro em Portugal IV - Difusão de Pinto Barreiros

 

 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 

É comum ouvir falar na célebre expressão ganadeira portuguesa “…a ganadaria Pinto Barreiras é a mãe das ganadarias portuguesas…”. A usança desta expressão, que caracteriza a importância da ganadaria lusa de Pinto Barreiros, deve-se ao facto desta importante divisa contribuir na estruturação de grande parte das ganadarias portuguesas, tal como se pode constatar através de notas genealógicas dos livros de associações de ganadarias bravas portuguesas e espanholas (Lucas, 2006 e UCTL, 2011).

 

 

No entanto, as influências de Pinto Barreiros não se limitam a esta importante divisa lusa, já que houve ganadarias portuguesas que tiveram um papel importante na difusão do sangue Pinto Barreiros em Portugal, nomeadamente Oliveira Irmãos e Dr. António Silva (López del Ramo, 1991; López del Ramo 2002; Lucas, 2006 e UCTL, 2011). A grande fama obtida pela qualidade dos toiros destas ganadarias (Pinto Barreiros, Oliveira irmãos e António Silva) em praças lusas e espanholas foram determinantes para um aumento substancial da procura de reprodutores destas divisas. Exemplo claro deste furor foi o caso da ganadaria António Silva, que em duas corridas, com 15 toiros lidados, conseguiu vender o número impressionante de 11 sementais para importantes ganadarias portuguesas, tal como refere Burladero (2012)

 

 

A dispersão de Pinto Barreiros não se limitou a Portugal continental, e desde meados do século XX chegaram reprodutores desse sangue até aos Açores, por intermédio de várias ganadarias portuguesas, tais como, José Pedrosa, Ribeiro Telles, Rio Frio, Brito Paes e Oliveira irmãos (ARCTTC, 2006 e Lucas, 2006). No entanto, das duas grandes difusoras, Oliveira irmãos e António Silva, apenas a primeira influiu directamente na região insular portuguesa das 9 ilhas, segundo Silva (2011), pelas mãos do antigo ganadeiro da ilha Terceira José Dinis Fernandes, e por Rego Botelho em 1989, de acordo com Lucas (2006). Prova viva das influências de Oliveira Irmãos nos Açores, é este semental com ferro da famosa divisa de Portugal peninsular, que pasta na ganadaria terceirense de Duarte Pires.

 

 

Segundo Pimpão (2012), recentemente o “sangue” de Pinto Barreiros voltou a afectar as ganadarias terceirenses, nomeadamente a de Francisco Sousa, por intermédio de uma compra de vacas e semental do Engº Ruy Gonçalves (Encaste Gamero Cívico – Pinto Barreiros X Encaste Atanásio Fernandez), assim como um reprodutor da ganadaria lusa de São Torcato.

 

 

Para López del Ramo (1991) e López del Ramo (2002), o toiro de Pinto Barreiros, tem um protótipo próprio, com tendência a ser um animal mais fino, pequeno, cómodo de hastes e de maior nobreza, em relação ao seu encaste ancestral, o de Gamero Cívico, assim como, as restantes linhas derivadas deste importante encaste - Domingo Ortega, Clairac, Guardiola Soto e Samuel Flores. Tendo em conta a importância que a linha de Pinto Barreiros tem em Portugal, quer pelas considerações apontadas neste artigo, e pelas fortes influências que ocorrem de Domecq e Murube em Portugal no presente, poderiam ser avaliadas na profundidade as condições para determinar esta linha constituída no país luso como um encaste, que tem interesse de protecção.

 

 

Bibliografia:
  • Associação Criadores Regional Toiros para a Tourada à Corda, A.R.C.T.T.C. (2006). Ganadarias. In: http://www.toiroscorda.com/antigo/index.php?op=ganadarias. Consulta efectuada a 4 de Outubro de 2010.
  • Burladero, N. (2012). Duas corridas memoráveis da ganadaria do Dr. António Silva de 15 toiros lidados, venderam-se 11 para sementais! Novo Burladero, nº284:38-39.
  • Lucas, V. (2006) – Ganadarias Portuguesas 2006. Ed. Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, Porto Alto, 30-150 pp.
  • López del Ramo, J. (2002). Las Claves del Toro. Espassa Calpe. 208-227 pp.
  • López del Ramo, J. (1991). Por las Rutas del Toro. Espassa-Calpe. 367-404 pp.
  • Pimpão, J. H. (2012). De Toiros - GANADARIA F.S. (CADELINHA) ADQUIRIU VINTE VACAS DE VENTRE E DOIS SEMENTAIS. Diário Insular, 17 de Outubro.
  • Silva, I. (2011). Ganadaria da Ilha Terceira – Casa Agrícola José Albino Fernandes. 1ª Edição. 313 pp.
  • U.C.T.L. (2011). Union de Criadores de Toros de Lidia – Temporada 2011.

 


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Ferras de Abril

 
Texto e fotografia: Pedro Correia
 
Com Abril no final, e depois de um Inverno prolongado de frio e chuva, sentiram-se as típicas ferras que matam a saudade dos toiros do mês de Maio que batem à porta. Homens e rapazes afoitos da lavoura para agarrarem os futuros bravos das ganadarias açorianas. Depois de derrubada a rês, cordas nas patas, ferros quentes no corpo, sinais de orelhas e aprumar registos. O bezerro está pronto e uma nova etapa começou!

domingo, 28 de abril de 2013

Maioral "Faveira"

 

Legenda e fotografia: Pedro Correia

 

Trajado à usança antiga e com o bordão em "descanso" sobre o ombro, o maioral da ganadaria Rego Botelho, José Rodrigues Silva, mais conhecido por “José Faveira”

sábado, 27 de abril de 2013

Recolhas Ribatejanas

 
Texto e fotografia: Pedro Correia
 
A recolha dos toiros na praça faz distinguir várias zonas onde a corrida de toiros é um espectáculo com impacto social e cultural. Nos países onde se estoqueia o toiro na arena a recolha é feita pelas mulas, e apenas no caso dos indultos ou toiros inutilizados surgem os cabrestos com o maioral da praça.
 
 
Em Portugal, visto que todos os toiros são recolhidos vivos da arena é necessário o uso de chocas para o auxílio da recolha. Enquanto nos Açores o conjunto de reses que recolhe o toiro é movido pelos pastores, em Portugal continental são usados cabrestos coordenados pelos campinos, figuras tipicamente ribatejanas que estão sempre associadas ao toiro bravo.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Bravos Ambientes Açorianos



 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 

A existência de ganadarias entre sobreiros e azinheiras do sul da Península Ibérica, cactos mexicanos, por diante das montanhas cobertas de neve do sul da américa, ou nas verdejantes ilhas açorianas no meio do Atlântico, conferem ao toiro bravo uma adaptação formidável a diferentes meios. Dizem ser devido à rusticidade da raça, o que é facto, é que há a possibilidade de observar o majestoso animal, que é o toiro bravo em inúmeras paisagens.

 

 

Devido à invasão de revistas taurinas, internet, ou até televisão, é comum chegarem até aos açorianos imagens do toiro bravo por outras paragens. No entanto, o mesmo já não ocorre tão frequentemente com o sentido inverso, ou seja, como a visibilidade das imagens do toiro bravo sobre os montes verdes e coloridos por algumas hortências que caracterizam a paradisíaca paisagem dos Açores. Mesmo assim, já há uma maior facilidade de visibilidade do toiro bravo açoriano além-fronteiras que não existia.

 

 

A banalidade de ver o toiro num pasto cercado por  muros de pedra, e até em montes, para um açoriano, é a diferença para um continental, espanhol, etc. Essa diferença que constitui o toiro bravo integrado na paisagem açoriana, é uma mais valia como difusão turística dos Açores, que tem vindo a ser desenvolvida.


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Ferra da Liberdade

 


 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 

Dia 25 de Abril é uma data importante em Portugal pela recordação do fatídico golpe de estado do ano de 1974, que trouxe ao país luso a luz da democracia. Esta ultima palavra, democracia, que é também uma máxima importante da festa brava. Curiosamente, este é o dia que habitualmente a ganadaria terceirense de Humberto Filipe usa para ferrar o seu gado. Mas porquê falar em liberdade e ferras de gado bravo? Apenas unir uma palavra com grande transmissão de valores à explicação de algumas curiosidades da faina de campo que é a ferra, que, parecendo que não, tem uma comutações bem vincadas.

 

Passaremos a explicar, com base em dois autores, Domecq (2009) e Viard (2011):

 

Para os menos entendidos, o ferro das ganadarias é colocado no membro posterior do animal, geralmente em ganadarias portuguesas e espanholas, do lado direito. Por cima, ou seja, na garupa ficará colocado o ferro da associação a que pertence o animal, ou livro genealógico onde a rês está registada. Esta norma nem sempre é regra e por vezes ganadeiros tomam a liberdade de colocar o ferro da sua casa com posições diferentes, de modo a fornecer informações que vão além de uma mera identificação individual de uma rês.  
 
 
A inversão das regras comuns, ou mais usuais, é efectuada quando os ganadeiros pretendem obter mais informação, a partir das marcas dos ferros. A famosa ganadaria espanhola de Miura tem animais em que o ferro da ganadaria é colocado na garupa e outros tem a marca na perna. Esta estratégia serve para uma observação rápida de uma ascendencia dos animais: Se o ferro da ganadaria Miura (A com asas), estiver colocado no membro e o da associação (U – Unión de Criadores de Toros de Lidia) na garupa o animal tem uma ascendência; se de outra linhagem, o ferro da casa será colocado na garupa e o da associação no membro. Como devem depreender, esta metodologia serve para uma fácil determinação da ascendência dos animais no campo sem olhar a papeis, no entanto, nunca menosprezando os valores dos registos em documentos que devem ser feitos nas ganadarias (Viard, 2011).

 

 

Outro exemplo claro da alteração da posição do ferro da ganadaria, em função de captar outra informação, é o caso da extinta ganadaria dos Duques de Veragua. Nesta ganadaria com origem na Casta Vasquenha, que actualmente não existe, mas que constituiu o encaste de Veragua, hoje em dia em apenas duas ganadarias, o ferro tomava diferentes orientações. A diferente orientação do ferro, proporcionava o conhecimento exclusivo da ascendência materna, já que os Duques de Veragua colocavam vários sementais a cobrir as vacas em simultâneo, e, por isso, não havia o que é designado por enlotado – separação de lotes de vacas com apenas um semental, ou seja, fazer lotes (Domecq, 2009).

 

 

Em suma, estes exemplos e explicações demonstram que, a imposição de regras só tem sentido quando há uma percepção da aplicação prática daquilo que se trata. Por outro lado, e tendo em conta a abordagem inicial realizada, demonstramos que a simples faina de campo, que é a ferra, pode ter muitas mais funções do que uma mera identificação individual, mas também pode actuar como metodologia de marca geral da ganadaria como facilidade do maneio dos animais, isto se houver um espirito de compreensão e liberdade do ganadeiro, assim como dos profissionais da área.
 

 

Bibliografia:

Domecq, J. P. (2009). Del Toreo a la Bravura. Alianza. Madrid. 23-140pp.

Viard, A. Tierras Taurinas – Miura el Centinela. Opus 7.


quarta-feira, 24 de abril de 2013

A Visão dos Bravos II – Cores e Movimentos



 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 

Com alguma frequência, surge a questão entre os mais curiosos, se as reses bravas vêm a cores ou a preto e branco. Antes de mais, as reses bravas não deixam de ser bovinos e por isso apresentam semelhanças fisiológicas em relação aos indivíduos de outras raças.

 

 

Mendes (2012), numa exposição sobre as particularidades da visão do toiro bravo na revista taurina Novo Burladero, refere que os toiros devem ter a capacidade de ver cores, devido à presença dos fotorreceptores da visão que são responsáveis pela visão cromática, e que se designam por cones. Contudo, ao contrário da espécie Humana que possui três tipos de cones, os bovinos apenas possuem dois tipos destes fotorreceptores, que são responsáveis pela visão das cores primárias, azul e verde amarelado, bem como, das colorações secundárias que resultam da mistura que resultam das primeiras.

 

 

Embora o toiro consiga ver a cores e a sua visão cromática seja mais facilitada durante o dia, devido à sensibilidade que os cones tem à luz, porque são activos pela visão diurna (regime fotóptico), a sua capacidade de ver à noite (regime escotópico) e detectar movimentos através da vista é muito superior. A qualidade de boa visão em ambientes escuros deve-se à grande presença de fotorreceptores chamados bastonetes, que existem na visão dos bovinos em grande percentagem - 80-90% (Mendes, 2012).

 

 

Em síntese:

Os toiros conseguem distinguir as cores primárias azul e verde amarelado, bem como, colorações resultantes da mistura das primeiras pela presença de dois tipos de cones. No entanto, os fotorreceptores mais abundantes na visão das reses são os bastonetes que fazem com que o toiro tenha uma grande capacidade de ver de noite e seja muito sensível aos movimentos.

 

 

Bibliografia:

Mendes, L. M. (2012). Particularidades da visão no toiro I. Novo Burladero, nº281:20-21

terça-feira, 23 de abril de 2013

Ressurgimentos de Escribano




Texto e fotografia: Pedro Correia

 
O toureiro Manuel Escribano de Gerena - Espanha, esteve em 2012 na ilha Terceira para tentar novilhas e novilhos de ganadarias locais. Desde o último Domingo, que este toureiro que vai surgindo mais comedido, deu nas vistas na Praça de Toiros da Real Maestranza ao triunfar perante um bravo toiro de Miura, que lhe cortou as duas orelhas.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Entre “Cedros”

 


Texto e fotografia: Pedro Correia


Os Açores são conhecidos pelas suas paisagens que albergam grande diversidade de cores. No entanto, o bonito verde das pastagens e coloridos das hortências que tanto impressionam os forasteiros das ilhas, são apenas introduções de plantas e não endemismos como alguns podem julgar. De igual modo sucede com a Cryptomeria japónica, de nome comum criptoméria ou “cedros” como chamam habitualmente na lavoura da ilha Terceira.

 


A criptoméria, de origem nipónica é uma árvore cónica de folha persistente, que actualmente predomina nas matas que existem pelas várias ilhas dos Açores. Na ilha Terceira estas árvores chegam a abrigar pastagens dos ventos fortes, e o seu verde intenso contrasta com os pretos dos toiros bravos, produzindo imagens que chamam a atenção de aficionados de outras paragens.

 


domingo, 21 de abril de 2013

Planear o Avião

 

 
Texto e fotografia: Pedro Correia


Quando as reses bravas ao investirem tomam uma posição corporal, quase paralela ao solo, parecendo que vão cair, diz-se que planeiam ou fazem o avião. Esta característica muito evidente em animais com hastes bem desenvolvidas é um indicador positivo de como o animal mete a cara nos enganos.


sábado, 20 de abril de 2013

Colocar a Cavalo

 

 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 
Após a saída à arena do toiro bravo, e depois de receber os primeiros lances dos capotes do peão de brega, o cavaleiro coloca o toiro no sítio mais apetecível. A colocação do toiro por parte do cavaleiro para a cravagem dos ferros ou realização das sortes, por vezes é uma tarefa de grande dificuldade, devido às complicações impostas pela rês brava.

 

Tendo em conta o estado do toiro, a brega, ou forma que o cavalo apresenta para colocar o toiro, pode variar. Nos primeiros instantes da lide, visto que, a rês brava está no estado levantado, e por isso, com uma mobilidade de extrema intensidade, é necessário dar a garupa ao toiro, de modo o cavalo a ter maior capacidade de suportar investidas mais irregulares e impetuosas. Por sua vez, após a colocação de ferros compridos, ou rojões no caso do toureio a cavalo em Espanha - “Rejoneio”, promove-se o decréscimo de mobilidade do toiro. Nesse sentido, o uso da brega lateralizada resulta vistosa na colocação dos toiros para a cravagem dos ferros.

 


Enquanto a brega com o toiro bravo embebido na garupa do cavalo é uma característica do toureio a cavalo português, a brega lateralizada é um modo muito utilizado pelos cavaleiros espanhóis - “Rejoneadores”. No entanto, esta técnica de lateralizar a brega, em grande medida desenvolvida pelo cavaleiro português João Moura, teve como grande promotor o “rejoneador” espanhol Pablo Hermoso de Mendonza.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Esperas Diferentes

 

 
Texto e fotografia: Pedro Correia


Por norma, nas touradas à corda os toiros aguardam a saída ao caminho no interior das gaiolas. No entanto, na freguesia do Porto Martins, onde ainda simulam a chegada dos toiros a pé até à freguesia, os toiros aguardam o momento da saída ao caminho curral comum.

 

No meio de pessoas que assistem à tourada desde os muros dos currais, os pastores fazem o seu trabalho de mover as reses, para as conduzir ao caixão. Com o toiro encerrado, apenas lhe colocam a corda ao pescoço, já que foi embolado previamente, antes de realizarem o simulacro da chegada dos toiros a pé ao local da tourada. Em seguida abrem a porta, e o bravo sai ao arraial.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Abusos Americanos em Fuga

 

Texto e fotografia: Pedro Correia



No meio de um espalhafatoso cortejo da tourada dos estudantes, todos os acontecimentos anuais da sociedade são alvo de interpretação. Na edição de 2013, não faltou a polémica da base das Lajes da ilha Terceira, que promete impactos nefastos na economia da ilha Terceira. Uma interpretação efectuada por este adolescente com a bandeira dos Estados Unidos, circundando o seu pescoço, resultou numa expressão facial interessante.

 

Por outro lado, quando se fala em americanos e touradas, vem sempre à memória, episódios cómicos entre os estrangeiros da base das lajes nas touradas à corda da ilha Terceira. Abusos de confiança e brincadeiras, ou distracções inconscientes com câmaras de filmar ou máquinas fotográficas, que muitas vezes resultaram em colhidas, algumas delas perigosas e com graves consequências.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A Vermelha







Texto e fotografia: Pedro Correia

 

Quando uma rês apresenta pêlos de coloração vermelha, diz-se que apresenta uma pelagem vermelha ou colorada (termo espanhol), isto, se não houver presença de pêlos pretos, pois nesse caso teria de ser designada de castanha (Cid, 2001).

 

De acordo com Cid (2001), a pelagem vermelha/ colorada pode ter três tonalidades distintas, de acordo com a intensidade da coloração vermelha dos pêlos. Esta vaca jovem da ganadaria jorgense de Álvaro Amarante poderia estar enquadrada dentro do vermelho comum, que tem intensidade intermédia e que é designado por verlmelho ou colorado. Por sua vez, a pelagem vermelha, de intensidade mais clara é designada por alaranjada (melocotón – termo espanhol), e retinta (retinta – termo espanhol) com a tonalidade mais escura.

 

 

Bibliografia:

  • Cid, P. S. (2001). O Exterior dos Bovinos das Raças Autóctones. Edições Garrido.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Zurdo Também Conta

 
Texto e fotografia: Pedro Correia
Com os pés plantados sobre a terra da arena, o toureiro faz força sobre os seus rins, e deixa o seu braço correr para levar a novilha investida na muleta empunhada na mão esquerda. A investida pronta e feroz da rês, pelo lado zurdo (lado esquerdo), é observada com precisão pelo ganadeiro, que durante a tenta, tira as suas notas para seleccionar os seus animais.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

O Momento do Forcado



 

Texto e fotografia: Pedro Correia

 

 

Os nossos visitantes assíduos já repararam que em Toiros & Açores há o hábito de pesquisar para criar informação. Em pesquisa pela internet deparamo-nos com uma publicação no blog do grupo dos Forcados Amadores do Ramo Grande, na qual se apresentava uma descrição sucinta e magnifica sobre os forcados.

 

 

De acordo com Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande (2007) o texto encontrado num comentário é da autoria de uma mulher chamada Neuza, que descreve aquilo que o autor da página dos Amadores do Ramo Grande nomeia como “O Momento”.

 

 

"o homem que, a mãos limpas, abraça o toiro cara-a-cara e o domina sem artifícios.


 

No final de cada lide com o animal sozinho em praça, ouve-se um toque e um grupo de oito homens, saídos do meio de, pelo menos outros tantos, apoiam as duas mãos na trincheira e, em salto atlético, corpo empranchando sem tocar nas tábuas, voa literalmente para a arena, aterrando de pés firmes.

 

Há um silêncio palpável na praça!

 

Todos olham atentamente aquele que, sem ouro ou lantejoulas, sem vestidos de seda nem cetim, meia de renda branca e calções cor de areia, alguns já desgastados, camisa branca com gravata vermelha, sapatos ensebados, tendo uma larga cinta, o barrete verde debruado a vermelho e a jaqueta de ramagem.

 

Do silencio expectante do que se vai seguir, destaca-se do grupo um, que empunha o barrete e o ergue num brinde, enfia-o até ás sobrancelhas, desarmado e destapado, os restantes membros atrás escondidos pela sua figura e, fixa o toiro nos olhos e cita-o:

 

TOIRO!!! EEEEH TOIRO LINDO!!! TOIRO!!!

 

TOIRO! TOIRO! TOOOIRO!

 

O homem recua, o toiro avança e, já no momento da reunião quando o corpo lhe cai entre os cornos, saltam-se as mãos, abrem-se os braços e estreitam-se, homem e toiro!

 

O ÚNICO, O PORTUGUES DE RAÇA, O NOBRE, O FORCADO, O QUE, POR PRINCIPIO DE HONRA, NÃO RECEBE cachet POR ARRISCAR A VIDA!"

 

 

Citação de Neuza por Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande (2007). FORCADO. Disponível em: http://gfarg.blogspot.pt/2007/12/forcado.html. Consulta efectuada em 16 de Março de 2007

domingo, 14 de abril de 2013

Improvisos com Papelão

 


Texto e fotografia: Pedro Correia

 
 
Nas ruas da ilha Terceira, assim como, nas ilhas Graciosa e São Jorge, talvez pelo efeito da insularidade, não se vêm capotes ou muletas nas touradas à corda, como é usual ver-se em outros festejos populares espanhóis. Normal ver-se o guarda-sol que serve de abrigo do sol, ou chuva aos que assistem à tourada à corda por trás de palanques ou em cima de paredes, assim como mantas nas mãos dos capinhas. No entanto, quando faltam estes instrumentos, uma simples lasca de papelão é o suficiente para improvisar uma capa.